São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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São Paulo vai dividir empresas de energia

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Energia de São Paulo, David Zylbersztajn, colocou em marcha um plano que vai transformar três megaestatais quebradas -as companhias elétricas Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Eletropaulo e CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz)- em várias empresas menores e saudáveis para privatização.
O plano resultou da seguinte verificação: se fosse privatizar as elétricas tais como estão, o governo paulista ficaria sem as empresas e ainda com dívidas.
Zylbersztajn exemplifica com o caso da Cesp, a maior das três. A empresa tem ativos (usinas, linhas de transmissão e distribuição, imóveis etc) de US$ 20 bilhões.
Mas tem dívidas acumuladas e atrasadas de US$ 9 bilhões, resultando num patrimônio líquido de US$ 11 bilhões. No mercado, as ações da Cesp estão lá embaixo.
Isso porque, embora o patrimônio seja positivo, a operação diária da companhia é deficitária. Assim, o valor de mercado da Cesp está em torno de US$ 6 bilhões.
Resumo: se o governo paulista a vendesse no momento, ficaria sem a empresa e ainda teria de carregar uma dívida de US$ 5 bilhões.
Assim, Zylbersztajn optou por um programa de ajuste, em duas fases. Na primeira, cada empresa passa isoladamente por uma completa reforma. O objetivo, neste ano, é obter uma economia de US$ 1,2 bilhão nas três empresas.
A Eletropaulo deve passar de um déficit previsto de US$ 400 milhões para zero. A CPFL, que programava prejuízo de US$ 80 milhões, vai fechar com lucro. E a Cesp terá de fazer uma economia de US$ 720 milhões.
Depois desse ajuste, segue-se a reestruturação do setor. As três estatais vão desaparecer, surgindo em seus lugares diversas empresas menores e concentradas num dos três ramos: geração de energia, transmissão e distribuição.
Hoje, está tudo misturado nas três empresas. A idéia, por exemplo, é apanhar uma ou um grupo de hidrelétricas de uma mesma bacia e criar ali uma unidade de negócio, independente. Essa empresa já nascerá enxuta e sem dívida. O mesmo esquema será aplicado no sistema de distribuição final. Hoje, Cesp, Eletropaulo e CPFL distribuem energia em regiões espalhadas por todo o Estado, sem continuidade entre uma área e outra.
Assim, as três companhias serão divididas em empresas distribuidoras em determinadas regiões. Haverá uma distribuidora para a região de Bauru, por exemplo, outra para Campinas e assim por diante.
A dívida atual das elétricas será concentrada numa companhia de participações, que terá ações das novas empresas. A venda destas ações, valorizadas, permitirá abater dívidas antigas.

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