São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Brasil lidera ranking na América Latina

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A carga tributária sobre as empresas brasileiras, que, de 94 para 95, aumentou 17,78%, passando de 40,91% para 48,18%, é a maior da América Latina.
Esta é a principal conclusão de uma nova pesquisa internacional sobre tributação de pessoas jurídicas, realizada pela empresa de consultoria Arthur Andersen.
A pesquisa mostra que a carga tributária (percentual de impostos pagos pelas empresas) é ainda maior para as empresas estrangeiras. Isso seria obstáculo para os investimentos estrangeiros no país.
As empresas estrangeiras, de acordo com a legislação brasileira, estão sujeitas também às alíquotas de 15% sobre dividendos e de 25% sobre royalties (direitos de patente) enviados ao exterior.
Com isso, o lucro líquido das empresas estrangeiras que atuam no Brasil é onerado em 55,95.
Marcelo Rodriguez, tributarista da Arthur Andersen, diz que o país vai perder investimentos se não reduzir a carga tributária para os níveis dos concorrentes.
``Com esta carga tributária, as empresas estrangeiras precisam trabalhar 6 meses e 22 dias por ano apenas para pagar impostos".
Natale, um dos organizadores da pesquisa, diz que a carga tributária no Brasil supera a média européia e da América do Norte, de 38,49%; da Ásia, de 31,43%; e da América Latina, 31,52%.
A pesquisa coletou dados em 27 países. Para evitar distorções na comparação entre os países, analisou apenas empresas com lucro líquido de US$ 20 milhões anuais.
As alíquotas em vigor este ano no Brasil são: contribuição social, 9,09%; IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica), 25% e adicionais federais de 12% e 18%.
O Brasil só é superado pelo Japão (57,9%) e Itália (52,25%) em termos de carga tributária total para pessoas jurídicas.

Sonegação
Natale diz que a elevada tributação, além de afastar investimentos estrangeiros, é uma das principais causas da sonegação.
A pesquisa, diz, reforça o diagnóstico de que o Brasil tem um dos mais complexos e onerosos sistemas tributários do mundo.
A um nível de 28,7%, o Brasil tem ainda uma das alíquotas mais elevadas de IVA (Imposto sobre o Valor Agregado).
Este imposto é formado no Brasil pelo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e pelo IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
A pesquisa destaca que esses impostos tiram a competitividade das exportações brasileiras porque encarecem a cadeia produtiva.
O IVA nos países europeus e da América do Norte é, na média, de 15,18%; na América Latina, de 21,80%, na Ásia, de 9,92%.
Natale argumenta que países exportadores mantêm esses impostos em percentuais baixos, tais como o Japão (4,5%); Cingapura (3%) Coréia do Sul (10%).
``O comércio exterior é bastante sensível a alterações de custos desta natureza, motivo pelo qual a carga tributária pode colaborar ou prejudicar substancialmente o desempenho da balança comercial".
Natale diz que outro fator que desestimula investimentos diretos estrangeiros no país é a impossibilidade de compensação dos prejuízos fiscais.
Só dois países, segundo a pesquisa, não permitem que o prejuízo fiscal seja compensado: Brasil e Filipinas.

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