São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Mortes por meningite em 95 aumentam 20% em SP

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A taxa de letalidade da meningite (inflamação da membrana que reveste a medula) causada pela bactéria meningococo aumentou 20% nos primeiros meses de 95 na Grande São Paulo.
A taxa de letalidade indica o número de mortes que ocorrem entre as pessoas que adquiriram uma determinada doença.
No ano de 94, a taxa foi de 19,4%. De janeiro a abril de 95, esse valor saltou para 25,2%. De cada quatro pessoas que chegam aos hospitais com meningite meningocócica, uma está morrendo.
Os dados são do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde.
Jaques Sztajnbock, do Instituto da Criança do HC e do Hospital Emílio Ribas, explica que ainda não se sabe a razão do aumento.
Segundo Sztajnbok, uma das hipóteses é que as bactérias que estão causando a meningite este ano sejam mais resistentes.
Os meses de junho, julho e agosto são o período em que, tradicionalmente, é esperado um aumento do número de casos de meningite meningocócica.
Ana Maria de Ulhôa Escobar, chefe da enfermaria do pronto-socorro do Instituto da Criança, diz que algumas condições comuns no inverno como ambientes fechados e aglomerados favorecem a transmissão das bactérias.
Cerca de dois terços dos casos de meningite acontecem em menores de 15 anos. Metade dessas crianças têm menos de 5 anos.
A contaminação acontece por via respiratória. A bactéria fica ``incubada" por uma semana. Os sintomas nessa fase não são evidentes. Durante a incubação, a pessoa transmite a doença.
A bactéria invade as meninges (membranas que revestem o sistema nervoso central) e desencadeia um processo inflamatório.
Os primeiros sinais são febre alta, vômitos ``em jato", dor de cabeça, rigidez da nuca e flutuações no nível de consciência (sonolência ou confusão mental).
Segundo Ana Maria, se a pessoa for tratada nessa fase, a taxa de letalidade varia de 5 a 10%. Crianças desnutridas podem ter taxas mais elevadas.
Em poucas horas, a doença pode se tornar mais grave. Toxinas liberadas pelas bactérias são levadas pelo sangue a outros órgãos.
Ocorrem alterações na circulação e insuficiência de rins, coração e pulmões (choque séptico). Nessa situação, cerca de 80% dos doentes acabam morrendo.
Pequenas lesões na pele de cor violeta são um sinal de gravidade da doença. Sequelas neurológicas como surdez, cegueira e retardo mental podem acontecer.
Para evitar a proliferação da doença deve-se fazer a prevenção nas pessoas que estiveram em contato com um doente, que devem tomar o antibiótico rifampcina por dois dias seguidos.

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