São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Obstáculos confluem para Justiça

JOSÉ ROBERTO CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Falta algo mais que a derrubada da inflação para que trabalhadores e empresários possam ter negociações produtivas. O capítulo da inflação só se encerrará quando ela cair a níveis civilizados. O das negociações, quando for feita uma vasta reforma em toda a legislação trabalhista -ponto de vista que une empresários e sindicalistas.
Os dois obstáculos acabam confluindo em primeiro lugar para a Justiça do Trabalho. ``Ela decide pela inflação", opina Rubens Branco, da Arthur Andersen. ``Os juízes guardam a memória inflacionária. É difícil saber qual será seu papel em uma economia desindexada."
Os sindicalistas acham que o fim do índice oficial de reajuste de salários precisaria vir acompanhado, pelo menos, do contrato coletivo de trabalho. ``É o método mais eficaz", diz Heguiberto Navarro, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com 143 mil trabalhadores.
Para Vicente Paulo da Silva, presidente da Central Única dos Trabalhadores, a estrutura estatal legada por Getúlio Vargas impede a liberdade e autonomia sindicais, coíbe os trabalhadores e barra a livre negociação.
Boa parte dos empresários concorda com a idéia do contrato coletivo. Na prática ele já existe informalmente no complexo industrial automobilístico, diz Wilson Começanha, do Sindipeças. Enquanto as mudanças não chegam, alguns sindicatos se preparam para introduzir modificações para permitir discussões menos traumáticas em um período de transição. É o caso dos Metalúrgicos de São Paulo, filiado à Força Sindical, que encaminhará em breve ao Ministério do Trabalho suas propostas.
(JRC)

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