São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Fiesp quer livre negociação

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o fim do IPC-r dia 30 deste mês, a Fiesp quer a desindexação total dos salários e a livre negociação entre patrões e empregados.
A posição oficial da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para a questão dos salários será oficializada amanhã na reunião da sua diretoria executiva.
A Folha apurou que a indústria paulista é contra uma política salarial em substituição ao IPC-r, índice de reajuste automático de salários na data-base de cada categoria, que será extinto em 30 de junho, conforme prevê o Plano Real.
Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp, disse que a indústria paulista defende a livre negociação salarial entre capital e trabalho.
Segundo Carlos Eduardo Uchôa Fagundes, diretor do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria, da Fiesp, ``a entidade vai defender a livre negociação".
Adauto Ponte, vice-presidente da Abifa (Associação Brasileira da Indústria de Fundição) diz que ``estamos caminhando para a livre negociação. Isso é muito positivo. A greve dos petroleiros mostra que o modelo indexador morreu".
Segundo ele, as relações entre empresários e trabalhadores estão suficientemente maduras para a adoção da livre negociação sem nenhuma intervenção do governo.
Para Luiz Adelar Scheuer, vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o governo vai criar uma política salarial para o salário mínimo e funcionalismo público.
``A iniciativa privada deve ficar com a livre negociação", diz. Na sua avaliação, o salário mínimo deveria ser reajustado acima da inflação para que ganhe um poder aquisitivo maior.
Rui Altenfelder da Silva, diretor do IRS (Instituto Roberto Simonsen), diz ser totalmente favorável à livre negociação. ``A indexação e a inflação foram os grandes causadores dessa ordem pela qual o país passou nos últimos anos."
Altenfelder entende que o controle rígido da inflação e o fim da indexação são prioridades que precisam ser perseguidas. ``Na área salarial, o fim da indexação tem como consequência a livre negociação que traz como idéia o contrato coletivo de trabalho."
O presidente da Câmara Italiana de Comércio Enrico Missasi afirma ser a favor da livre negociação de salários. ``Não deve haver uma regra só para todo mundo. Mas acho que o governo não vai desindexar os salários de uma vez. Acho que o governo vai criar um índice misturando inflação passada com previsão de inflação futura que vai ficar abaixo da expectativa dos sindicatos e será um fomentador de greves."
Na opinião de Paulo Roberto Pereira da Costa, diretor do Departamento de Relações Trabalhistas da Fiesp, haverá uma fase de transição da política de indexação para a livre negociação de salários.

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