São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995 |
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Ray Charles leva big band ao parque
LUÍS ANTÔNIO GIRON
Onde: Praça da Paz, parque Ibirapuera Quando: hoje, às 15h Quanto: grátis O cantor e pianista norte-americano Ray Charles se apresenta hoje, às 15h, na Praça da Paz do parque Ibirapuera. Aos 64 anos de idade e 47 de carreira, cego desde os 7 anos, Ray Charles pode ser chamado de mestre do rhythm'n'blues e de todos os gêneros que se sucederam no pop desde os anos 60. Com voz rouca de barítono e uma técnica pianística vinda do jazz, ele perpetuou a canção ``Georgia on my Mind" no início da década de 60. No seu último CD, ``My World", que lhe rendeu em 1994 o 12º Grammy, arrisca até mesmo um rap. A tarefa parece impossível para quem iniciou a carreira se inspirando no ultra-romântico Nat King Cole. Mas Charles se revela desinibido no hip-hop. O músico faz temporada no Brasil pela sexta vez. Está acompanhado de sua tradicional big band, atualmente com 22 músicos. Amanhã e terça-feira se apresenta no Bourbon Street Music Club. Canta no país desde 1963 e tem aqui um público cativo. Em São Paulo, os fãs esgotaram os ingressos do Bourbon já na última terça-feira. Os preços eram exorbitantes. Chegavam a R$ 500,00, com direito a jantar e champanhe. Ir vê-lo no Ibirapuera, portanto, é a única oportunidade para quem não conseguiu ou não poderia pagar pelo ingresso. É o primeiro espetáculo ao ar livre do cantor em São Paulo. O roteiro é praticamente imutável há 34 anos. Nem precisaria alterá-lo, pois virou um esquema básico para show de pop, de James Brown a Ney Matogrosso. A orquestra inicia com um pot-pourri, o mestre-de-cerimônias sorri e apresenta o astro. Desfia, então, o rosário de clássicos, entre baladas e agitados rhythm'n'blues (antecessor negro do rock'n'roll), que inclui ``Unchained my Heart", ``Hit the Road Jack" e, não pode faltar, ``Georgia On My Mind". Para o espetáculo de hoje, Ray Charles acena com duas músicas inéditas, além de ``A Song for You". Mostra duas de suas interpretações mais populares, os sucessos dos Beatles ``Yesterday" e ``Eleanor Rigby". A orquestra que o acompanha tem o peso maior nos metais. Saxofones e trombones travam batalhas com o quarteto formado por piano, bateria, guitarra e baixo. Cinco vocalistas -apelidadas de ``rayletts"- se encarregam de excitar a massa. Dançam, rebolam e coordenam as palmas. O final costuma ser triunfal. O astro se retira, sabendo que será novamente chamado ao bis. Daí se mostra generoso, como cabe a um músico que começou a vida na noite e traz ``standards" no repertório. A Secretaria Municipal de Cultura, que promove o show, não espera menos do que 60 mil pessoas. A Prefeitura promete uma infra-estrutura só destinada aos megaespetáculos, como os de Tom Jobim em 1993 e dos Meninos Cantores de Viena no último ano. O palco terá 45 seguranças, cinco particulares do músico. Cerca de cem policiais civis farão o controle na praça. Se fizer tempo quente, um caminhão-pipa da prefeitura vai borrifar água sobre a multidão. Ray Charles se encarregará de aumentar a temperatura. LEIA MAIS sobre Ray Charles à pág. Especial A-5 Texto Anterior: O resgate da poesia renegada de Platão Próximo Texto: Cantor universalizou 'race music' Índice |
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