São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Socialista deve se reeleger prefeita de Estrasburgo

The Independent
De Londres

MARY DEJEVSKY

Hoje, como todas as outras cidades e vilas na França, Estrasburgo -eurocidade e principal cidade da região da Alsácia- vai eleger prefeito e vereadores.
Com suas ruas de paralelepípedos no centro, as belas residências de seus tranquilos subúrbios e um toque de elegância francesa misturada à organização germânica reinante, Estrasburgo sempre foi vista na França como uma cidade conservadora, e os políticos locais sempre formaram a direita sólida e ordeira.
Mas isso mudou há seis anos, quando a socialista Catherine Trautmann, conhecida por "rainha Catherine" ou simplesmente "la Reine", voltou às raízes.
Tendo perdido lugar na Assembléia Nacional e o cargo no governo, Trautmann decidiu se candidatar a prefeita de Estrasburgo.
Tanto em termos de aparência quanto de caráter, ela lembra um cruzamento entre a rainha Beatriz (da Holanda) e a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.
Ela costuma atribuir sua vitória na época a uma campanha forte, à clareza de objetivos e ao fato de que a direita estava certa que a população não escolheria socialistas.
Outros atribuem a vitória ao forte desempenho da Frente Nacional, de extrema direita, que rachou o eleitorado conservador.
Trautmann, única mulher prefeita de cidade importante na França, é hoje candidata à reeleição. E ela deve ganhar outra vez, pelas mesmas razões de seis anos atrás.
A Frente Nacional foi bem nas eleições presidenciais, mas não ganha a prefeitura de Estrasburgo.
A direita moderada dos gaullistas não encontrou candidato capaz de se opor a Trautmann.
O partido escolheu Philippe Richert, mas ele admite que não ser da cidade é um entrave sério.
As queixas mais graves a Trautmann, falam de seus modos bruscos e diretos, sua teimosia e insistência em negociar duramente.
Mas ninguém questiona sua competência. "As pessoas parecem até haver esquecido que ela é socialista", diz Richert, num tom de admiração relutante.
O Parlamento Europeu foi convencido a ficar na cidade, e hoje Estrasburgo tem o segundo menor déficit na França, depois de Paris.
Mas a maior proeza da prefeita foi a implantação de bondes, que ligam subúrbios ao centro, fornecendo transporte público para os bairros turísticos e comerciais.
Quando ela assumiu a prefeitura, o projeto existia havia 20 anos.
Ela então convenceu os comerciantes do centro da cidade que os incômodos valeriam a pena.
Mas os bondes aproximaram os subúrbios, habitados em grande parte por turcos e norte-africanos, do resto da cidade.
Na noite de segunda-feira, feriado na França, jovens passeavam pelas ruas da cidade, comendo comida turca e falando alto.
Sua aparência não era ameaçadora, mas eram diferentes dos discretos habitantes da cidade, que se afastavam com sua aproximação.
Era a prova da existência de um outro lado de Estrasburgo -lado que, segundo Yvan Blot, dirigente local da Frente Nacional, vem contribuindo para o fortalecimento de seu partido na cidade e nos distritos vizinhos.

Tradução de Clara Allain

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