São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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Quatro de uma família são mortos em SP

SUZY GASPARINI
DA FOLHA ABCD

Quatro pessoas de uma mesma família foram mortas a tiros ontem por volta de 1h30, na favela Lamartine, em Santo André (ABCD). A chacina, segundo um parente da família, teria sido cometida por ciúmes.
Os corpos do pedreiro Benedito Bento Batista, 38, sua mulher, a empregada doméstica Luíza Ferreira Batista, 48, e suas filhas Ivanice Bento Batista, 16, e Míriam Bento Batista, 13, foram encontrados na cama.
O único sobrevivente da chacina foi o menino Jean, 1, encontrado sem ferimentos no barraco. A criança, filha do primeiro casamento de Ivanice, morava com os avós e ontem estava sob a guarda de vizinhos.
Um pedreiro de 32 anos, identificado como Reginaldo, está sendo acusado pelo crime. Ele é ex-marido de Ivanice e está foragido.
Reginaldo estaria inconformado com o fato de Ivanice ter deixado, na semana passada, a casa onde moravam, na mesma favela, e se mudado para a casa dos pais.
Segundo Elenice Bento Batista, 18, irmã de Ivanice, o motivo da separação foi o ciúme de Reginaldo, que não deixava Ivanice trabalhar como empregada doméstica.
``Foi um crime premeditado. Ele entrou na casa quando todos dormiam, matou a ex-mulher primeiro e ainda recarregou a arma", disse o delegado Carlos Augusto Miúra, do 1º DP de Santo André.
Dogival Paz Lima, tio do acusado, disse à polícia que, horas antes do crime, Reginaldo havia lhe pedido R$ 500 ``para fugir".
Segundo Miúra, o criminoso usou um revólver calibre 38 carregado com balas ``dundum"' (que explodem dentro do corpo da vítima). Foram disparados dentro do barraco nove tiros. Seis deles atingiram as vítimas.
Miraci Santos, 22, vizinha do barraco onde os corpos foram encontrados, disse que ouviu os tiros e escutou gritos de Míriam.
``Eu ouvi a Míriam pedir duas vezes para o Reginaldo não fazer isso. Ela gritava e chorava. Depois disso, escutei os tiros. Só saí depois de meia hora, quando as pessoas apareceram para ver o que tinha acontecido."
O enterro dos corpos deve ser realizado amanhã, no cemitério Curuçá. Até as 19h, a família ainda não tinha conseguido dinheiro para comprar os caixões.

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