São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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Bolsa dos EUA quer negociar real

RODNEY VERGILI
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO (EUA)

A CBOT (Chicago Board of Trade), a maior bolsa de futuros do mundo, prepara-se para negociar contratos tendo como base a moeda brasileira, o real.
A CBOT, situada em Chicago (EUA), é o centro mundial de negócios com soja e outros produtos agrícolas, como o trigo e o milho.
Negocia ainda o maior volume de contratos de juros do mundo, tendo como base os títulos Tesouro norte-americano.
A CBOT já opera com contratos futuros do peso mexicano e pretende ampliar sua atuação na América Latina com o lançamento dos contratos de reais.
Os principais investidores nos contratos de reais na Chicago Board of Trade devem ser as instituições financeiras e empresas internacionais que tenham negócios com o Brasil. Eles poderão, por exemplo, reduzir os riscos de uma desvalorização acentuada da moeda brasileira através dos contratos futuros de reais na CBOT. O pagamento dos contratos de reais será feito em dólares.
O investidor tem a vantagem do negócio estar sendo realizado em uma Bolsa dos EUA, o que tornaria os recursos disponíveis mesmo na eventual hipótese de uma moratória do governo brasileiro, suspendendo pagamentos ao exterior.
Os contratos futuros são uma parte do chamado mercado de derivativos, no qual se negocia a variação de preços de uma determinada moeda, taxa de juro ou mercadoria.
Seu objetivo é proteger as empresas em geral de perdas com oscilações imprevistas nas taxas de juros, cotações das moedas e preços de mercadorias. Mas grandes especuladores também fazem suas apostas nesse tipo de mercado.
O presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), Manoel Pires da Costa, diz que a negociação nos mercados futuros com reais no exterior demonstra o interesse que os investidores internacionais estão tendo pelo Brasil.
Pires da Costa entende, no entanto, que para aumentar a competição e a internacionalização da Bolsa brasileira é preciso que o Banco Central permita a abertura de conta da BM&F no exterior. A BM&F quer também lançar contratos de moedas de outros países, como Argentina e México.
Em abril (último dado disponível), a Chicago Board of Trade liderou as bolsas de futuros mundiais negociando 13,7 milhões de contratos. Em segundo lugar ficou a Chicago Mercantile Exchange, com 13,6 milhões e, em terceiro, a brasileira Bolsa de Mercadorias & Futuros, que movimentou 9,2 milhões de contratos.

O jornalista RODNEY VERGILI viajou aos Estados Unidos a convite da Chicago Board of Trade

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