São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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'Dillinger' merece uma chance

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Quem merece uma chance é ``Dillinger, o Inimigo Público Nº 1" (Manchete, 22h20).
O filme de John Milius passou meio em branco nos cinemas brasileiros. Seguiu, nesse sentido, a rotina dos trabalhos de Milius (com exceção de ``Conan, o Bárbaro"): pouco sucesso, muita crítica em torno de sua ideologia, nenhuma complacência em relação à beleza e à limpidez de suas imagens.
Por partes, Milius é mais que um conservador. É machista, reacionário, militarista. É o que há de mais politicamente incorreto no ramo cinematográfico.
Mas seria justo, pelo menos, dar o devido crédito ao primeiro idealizador (e roteirista) do ``Apocalipse Now", de Coppola (1979). Narrando a trajetória de um gângster, essencialmente um assaltante de bancos, Milius nos leva a um mundo original.
O filme entra na onda do ``Bonnie and Clyde", de Arthur Penn (1967), mas não se parece com ele. Também não se parece com o ``Sexy e Marginal", de Martin Scorsese (1972).
A virtude de Milius é, no mínimo, oferecer o inesperado, destroçar nossas expectativas, partir de um mundo conhecido (o do gangsterismo) e oferecer algo desconcertante. Vendo o filme uma vez, essa sensação se instala. O espectador pode muito bem se perguntar: o que quer dizer isso?
A resposta, depois, poderá até não ser a mais favorável do mundo. Mas estamos num espaço bem diverso do de ``O Expresso de Chicago" (Globo, 1h40), por exemplo. Aqui, Arthur Hiller dá uma lição do que se pode chamar de burocracia no cinema. Parte de uma premissa interessante, mas a viagem de seu expresso não chega, a rigor, a parte alguma.
(IA)

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