São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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Eficiência em vez de tarifas

Anos de inflação arraigaram a chamada cultura inflacionária. Confrontados com uma pressão de alta, Estados e municípios pretendem simplesmente repassá-la às tarifas públicas. Antes de pleitear aumentos, porém, seria desejável que as várias esferas de governo e as respectivas empresas estatais enfrentassem suas próprias ineficiências.
Expostas à competição, empresas do setor privado vêm realizando um processo de reengenharia. Tanto na produção quanto na esfera administrativa a busca de maior eficiência e da eliminação de desperdícios tornou-se um imperativo. No setor público, porém, esforços desse tipo são extremamente raros, se é que de fato existem.
Acomodados pela escora da arrecadação de impostos e pelo endividamento fácil, empresas e órgãos estatais incham com funcionários ociosos, mantêm procedimentos pouco racionais e repassam à população o custo de sua ineficiência.
No caso de São Paulo, merecem reconhecimento os esforços de racionalização do governador Mário Covas, que já demitiu mais de 20 mil funcionários da administração direta e indireta. Mas isso não significa que inexistam outras providências de contenção de custos a serem tomadas antes de elevar as tarifas cobradas nos serviços públicos.
Às vésperas da extinção do IPC-r, a batalha pela desindexação da economia encontra-se em um momento especialmente delicado. Os índices de inflação dos próximos meses podem ser decisivos para o processo de consolidação da estabilidade dos preços. Essas circunstâncias tornam eventuais aumentos especialmente inoportunos.
Mas, ainda que a situação fosse menos delicada, nem por isso o setor público estaria dispensado de demonstrar que de fato sua única alternativa para equilibrar receitas e despesas é a majoração de tarifas. A União, os Estados e os municípios ainda estão devendo ao país sua própria racionalização.

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