São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Tucanos e PFL pressionam presidente

JOMAR MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A bancada do PSDB na Câmara dos Deputados vai marcar hoje, em almoço com o presidente Fernando Henrique Cardoso, sua divergência com o PFL em relação ao andamento das reformas propostas pelo governo na Constituição.
Os tucanos querem que o presidente envie todas as propostas de mudanças ao Congresso ainda neste ano, pois entendem que o governo não deve desperdiçar o momento favorável à aprovação, como ficou provado com as emendas da reforma econômica.
Essas mudanças aprovadas pelo Congresso, ainda que não em definitivo, referem-se à quebra dos monopólios estatais das telecomunicações, petróleo e distribuição do gás canalizado.
A ordem econômica ainda deverá sofrer alterações com a abertura da navegação entre portos brasileiros a empresas estrangeiras e o fim dos privilégios para as empresas de capital nacional no relacionamento comercial com o Estado.
Muitos dos deputados do PSDB comparam a tramitação das reformas ao ciclista sobre uma bicicleta em movimento. Se parar de pedalar, cai.
O PFL prefere deixar para o próximo ano o envio das demais reformas -a tributária, a administrativa e a da Previdência -e concentrar esforços na aprovação das leis regulamentam ou complementam as mudanças na ordem econômica.
Fernando Henrique ouvirá os argumentos de seu partido ao meio-dia e à noite dará ouvidos aos pefelistas, durante jantar que oferecerá aos senadores do PFL no Palácio da Alvorada. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) deve participar desse encontro.
A idéia do almoço partiu do líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), com o objetivo de comemorar as vitórias do governo na Câmara. Acabou, porém, evoluindo para uma reunião de definições partidárias.
Os deputados tucanos pretendem saber a verdadeira posição de FHC sobre o ritmo das reformas e sobre outros temas não menos polêmicos, como a desindexação da economia, as mudanças no programa do PSDB e a aliança com o PFL. Vão discutir também a estratégia para derrubar o projeto de lei que fixa os juros em 12% (leia reportagem à pág. 1-5).
Já é quase consensual na bancada que o PSDB deve alterar os itens de seu programa -manutenção dos monopólios das telecomunicações e petróleo, por exemplo- que conflitam com os objetivos do governo, sob o argumento de que eles foram ultrapassados.
Para o almoço de hoje, os tucanos alugaram uma chácara no Lago Sul, em Brasília, capaz de acomodar os 72 deputados do partido. É esperada a presença de ministros tucanos.

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