São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Governo estuda fim de aplicação diária

MÔNICA IZAGUIRRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os fundos que oferecerem remuneração diária e possibilidade de saque a qualquer momento sem perdas ao investidor podem desaparecer após 1º de julho.
Os estudos em andamento dentro do governo sobre a desindexação da economia incluem a extinção do FAF (Fundo de Aplicação Financeira), do Fundo de Renda Fixa-Curto Prazo (antigos fundões em URV, Unidade Real de Valor) e uma mudança radical nos atuais fundos de commodities.
Desindexação é o fim da correção automática dos contratos e preços pela inflação passada.
Para acabar com a memória inflacionária, os técnicos do governo acham fundamental acabar também com o que eles chamam de ``moeda indexada" (aplicações que protegem contra a inflação e têm resgate automático).
Quem aplica em FAF ou no Fundo de Renda Fixa-Curto Prazo, por exemplo, quer manter recursos imediatamente disponíveis e protegidos da inflação.
São aplicações que se renovam e rendem todos os dias, permitindo saque a qualquer momento sem perda da remuneração.
Nos fundos de commodities, é preciso ficar atualmente no mínimo 30 dias para ganhar alguma remuneração. Passado este prazo, eles oferecem liquidez diária.
As mudanças em estudo em relação aos fundos ainda estão sob análise dos ministros Pedro Malan (Fazenda) e José Serra (Planejamento). Mas em nível técnico, já há consenso das equipes de que é preciso combater com rigor a ``moeda indexada".
A radical reformulação deve ser feita sem traumas e sem choques. As instituições financeiras vão ter um prazo para se adaptar. A clientela pode ficar tranquila. Ninguém terá dinheiro confiscado.
Não há intenção de pegar nem os bancos nem os seus clientes de surpresa. Ao contrário, o que se prepara é uma ``morte anunciada" dos três tipos de fundos com liquidez diária.
Fundos de commodities
Embora não devam ser exatamente extintos, como os outros dois tipos, os fundos de commodities também deverão ``morrer" como aplicação de liquidez diária. A regra de saque deverá mudar. O crédito da remuneração deverá ser feito em intervalos mensais ou de 28 dias, mesmo depois dos primeiros 30 dias.
Os planos da equipe econômica incluem uma mudança inclusive de nome. Na avaliação dos técnicos, o atual nome não mais se justifica. Afinal, dos cerca de R$ 24 bilhões existentes em fundos de commodities, apenas R$ 4 bilhões estão aplicados de fato em commodities, ou seja, em mercadorias.
A carteira de aplicações destes fundos também deverá mudar. Cairia justamente a obrigatoriedade de aplicações em commodities. No futuro, um outro tipo de fundo, voltado realmente ao financiamento de commodities, seria criado no lugar do atual.

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