São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Rombo do SFH deve crescer

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A próxima etapa do Plano Real deverá agravar ainda mais o rombo do setor habitacional.
Conforme a Folha noticiou ontem, a dívida do Tesouro Nacional junto aos bancos que financiam a habitação saltou, após o Real, de R$ 23,2 bilhões para R$ 43,8 bilhões -o equivalente a, por exemplo, cinco Vales do Rio Doce.
Motivo: as dívidas dos mutuários, corrigidas pela TR (Taxa Referencial de juros), estão subindo muito mais rápido que as prestações, reajustadas anualmente pelos índices da variação salarial.
A partir de julho os salários deixam de ser corrigidos anualmente por um índice oficial de inflação. O governo, porém, tende a manter a TR como indexador da poupança e dos financiamentos habitacionais.
Aí começa o problema. Em 3,1 milhões de contratos do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), a diferença entre a dívida do mutuário e o que foi pago em prestações é coberta pelo Tesouro.
Para cobrir esta diferença, o Tesouro se utiliza de um fundo, o FCVS, que já acumula dívidas atrasadas de R$ 13 bilhões e tem previsão de pagamentos de R$ 30,8 bilhões em 15 anos.
Para os mutuários não protegidos pelo fundo, aumentará o resíduo no final do contrato, ou seja, o valor devido ao banco que não foi coberto pelas prestações.
Indexar a poupança por uma taxa inferior à TR -alternativa estudada e já praticamente descartada- provocaria fuga de poupadores.
Mas qualquer que seja a mudança, ``a competitividade da poupança será resguardada", diz o presidente da CEF (Caixa Econômica Federal), Sérgio Cutolo.

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