São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Maluf troca reajuste por empréstimo

ALEXANDRE SECCO; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O prefeito Paulo Maluf (PPR) aproveitou o aumento das passagens para negociar empréstimos com o governo federal: US$ 118 milhões para o projeto Cingapura e US$ 700 milhões para os corredores exclusivos de ônibus.
Ele apresentou ontem em Brasília à equipe econômica do governo a planilha de custos dos empresários de transporte de São Paulo.
Maluf se comprometeu a conceder um reajuste menor do que aquele exigido pelos empresários de transporte desde que o governo o ajudasse, liberando recursos para seu projeto habitacional -especialmente o projeto Cingapura.
As condições do empréstimo, segundo as exigências do prefeito, são de pagamento de 20 a 25 anos. Com o dinheiro prometido, é possível construir mais de 10 mil casas e abrigar 50 mil pessoas.
O prefeito se envolveu pessoalmente na negociação. Esteve ontem em Brasília conversando com o secretário de Acompanhamento Econômico, José Milton Dallari, e com o presidente da Caixa Econômica Federal, Sérgio Cutolo.
Mostrou que a passagem precisaria subir a R$ 0,75 (o que representaria 50% de reajuste), segundo a planilha dos empresários.
Essa planilha, apresentada como barganha para obter o empréstimo, preocupou a equipe econômica. Isso porque a passagem de ônibus em São Paulo é um componente dos índices nacionais de custo de vida e qualquer reajuste tem forte impacto na inflação.
Pelos cálculos do Ministério da Fazenda, aumentos de tarifas dos serviços estaduais e municipais (ônibus, esgoto, água etc) podem elevar a inflação em julho para 3% -em maio foi abaixo de 2%.
Maluf terminou a tarde de ontem fazendo mais um pedido: um aval ``político e social" do Ministério do Planejamento para um empréstimo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Maluf disse que não falou com o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o aumento do ônibus. ``Não abro mão da autonomia municipal. Por isso, assinei o aumento às 10h, antes de embarcar para Brasília, para não dizerem que tive influência ou atendi a pedidos do presidente", afirmou.

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