São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Bolsa dos EUA quer atrair investidor do Brasil

RODNEY VERGILI
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO (EUA)

Patrick Arbor, presidente da CBOT (Chicago Board of Trade), a maior Bolsa de futuros do mundo, em almoço com jornalistas latino-americanos, anunciou ontem que a entidade pretende lançar uma série de produtos voltados para investidores da América Latina.
Arbor disse que a instituição analisa o lançamento de um contrato de índice da dívida externa de países da América Latina.
Os estudos ainda estão em fase inicial, mas as operações envolveriam a dívida externa nova latino-americana, como os papéis no valor de US$ 900 milhões lançados recentemente pelo Brasil no mercado japonês.
Arbor está otimista com os progressos dos planos de estabilização econômica dos países da América Latina -``em especial o do Brasil", diz.
Ele afirmou que prepara viagem ``nos próximos nove meses" para São Paulo, para conhecer de perto o desenvolvimento do setor empresarial brasileiro.
A Bolsa de Chicago pretende ampliar seus negócios com o Brasil e conhecer de perto as necessidades de ``hedge" (garantia) das empresas e instituições financeiras brasileiras.
David Prosperi, vice-presidente da Chicago Board of Trade, disse que a entidade quer conhecer profundamente os interesses dos investidores brasileiros para montar contratos apropriados às suas necessidades.
Arbor disse estar impressionado com o crescimento da Bolsa de Mercadorias & Futuros, criada em 1986, que já é a terceira Bolsa de futuros do mundo.
O presidente da Chicago Board Of Trade considerou que o Brasil está ``caminhando no rumo certo" e deve liderar o desenvolvimento da América Latina.
Pregão
A CBOT está construindo um novo pregão (salão onde se realizam os negócios), acompanhando o ritmo de crescimento no volume de operações.
No momento, a CBOT possui 8.000 operadores cadastrados, sendo que 700 dedicam-se apenas aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
Os operadores ficam tão ``colados" (um de costas para o outro) que mal podem se mexer.
Cada contrato tem um local específico de negociação, chamado ``pit" octogonal (uma forma arredondada de oito lados).
Esses locais possuem escadinhas, de tal forma que todos os operadores -que ficam em pé- possam se ver, independentemente da sua altura.
Nos pregões planos, como o da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), em São Paulo, os operadores mais altos levam vantagem. A BM&F pretende, no novo pregão que também está construindo, adotar o sistema de ``escadinha", permitindo as mesmas oportunidades para todos os operadores.
Comunicação
Na BM&F, a comunicação entre a mesa da corretora e o operador de pregão é feita por telefone sem fio.
Os operadores na Chicago Board Of Trade não usam telefone sem fio. As 900 corretoras que realizam negócios na CBOT possuem cabines no pregão, que se comunicam com os clientes.
A comunicação entre o operador e a cabine da corretora é, usualmente, feita através de sinais de mão. Cada corretora utiliza sinais diferentes e que não são fixos, garantindo sigilo na comunicação.
O funcionário da cabine da corretora pode também passar a ordem levando um papel escrito (``boleto") para o operador do pregão.
Estão começando a ser utilizados, ainda, os terminais de mão sem fio ou ``boletos" eletrônicos. Nesses terminais podem ser registradas também as operações.
A Chicago Board Of Trade está investindo US$ 18 milhões (equivalente a 1.160 carros Gol CLI 1.6 1995) nos terminais de mão, que possibilitam a comunicação entre o operador de pregão e a cabine da corretora.
Em abril (último dado disponível), a Chicago Board of Trade liderou em volume as bolsas de futuros mundiais, negociando 13,7 milhões de contratos; em segundo lugar ficou a Chicago Mercantile Exchange, com 13,6 milhões, e, em terceiro, a brasileira Bolsa de Mercadorias & Futuros, que movimentou 9,2 milhões de contratos.

O jornalista RODNEY VERGILI viajou aos Estados Unidos a convite da Chicago Board of Trade.

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