São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Alice ama em outro lugar

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Nas histórias de amor, ao menos aquelas que recebem a honra de serem chamadas de cinematográficas, há sempre esperança de uma segunda chance.
O momento de partir e recomeçar, acrescido de suas dificuldades, é o tema de ``Alice Não Mora Mais Aqui", de Martin Scorsese, que a Globo exibe hoje, à meia-noite.
Filme que deu a Ellen Burstyn o Oscar de melhor atriz em 1975, ``Alice" é uma comédia sobre uma viúva que tenta reconstruir a vida depois da morte de seu marido e de uma falência financeira.
Ao lado de seu filho, a personagem passa por todo tipo de situação que, nos anos 70, significava a construção da imagem de uma mulher de fibra. O relacionamento honesto com o filho, a necessidade de superação das crises e dos desarranjos amorosos.
E é nesse último item, o amor, que Martin Scorsese, um diretor que oscila terrivelmente entre autoria e indústria, cria a grandeza do filme. Através de uma personagem tão cruelmente tratada pela vida e pelos homens, mas que sofre ainda de uma necessidade urgente de ser amada.
Um pouco como cada espectador dessa história, Alice peca porque não se censura diante do sofrimento. Mas antes se refaz a partir dele.
Talvez nas mãos de outro diretor, ``Alice Não Mora Mais Aqui" se transformasse em um edificante trama televisivo. Com Scorsese se transforma em comédia. Uma rara comédia sobre o sofrimento e a necessidade de amar.

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