São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995 |
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Filmes reconstituem paixão e moda agreste
PAULO MOTTA; FÁBIO GUIBU
Nos últimos concursos do governo para verbas ao cinema, dezenas de filmes sobre o cangaço foram inscritos -com títulos como "O Cangaceiro e o Samurai" e "O Carcará"- o que comprova a revalorização deste subgênero exclusivamente brasileiro. Os três projetos aprovados -"O Cangaceiro", "Corisco e Dadá" e "Baile Perfumado"- apresentam enfoques bastante diversos sobre o cangaço, mas têm em comum, além do tema, a preocupação com a reconstituição e a fidelidade histórica. "O Cangaceiro" Entre os projetos, o mais ambicioso -por sua concepção, orçamento e possível elenco- é o remake de "O Cangaceiro" (1953). Com US$ 2 milhões, o diretor Carlos Coimbra e o produtor Anibal Massaini pretendem atualizar o clássico de Lima Barreto, que permanece o maior sucesso do cinema brasileiro no exterior, exibido em 80 países. Para tentar repetir esse êxito, eles convidaram para os papéis de protagonistas masculinos o espanhol Antonio Banderas ("Ata-me"), o cubano Jorge Perugorria ("Morango e Chocolate") e o português Joaquim de Almeida ("Perigo Real e Imediato"). Segundo Massaini, são remotas as possibilidades de ter Banderas, envolvido com o projeto do filme "Evita". Perugorria e Almeida demonstraram interesse, mas ainda não deram resposta. Massaini pretende manter o enredo do filme original, mas com uma atualizada e mais realista. "Corisco e Dadá" O cineasta cearense Rosemberg Cariry também tem uma referência direta para "Corisco e Dadá ", que está sendo finalizado na França. O filme resgata o cangaceiro Corisco através do misticismo, também retratado por Glauber Rocha em "Deus e Diabo na Terra do Sol". Cariry define "Corisco e Dadá" como uma história épica de amor e ódio entre dois cangaceiros. "O enredo básico mostra como o ódio de Dadá, que foi raptada e estuprada por Corisco, aos 12 anos, vai se transformando em amor na cumplicidade da vida cangaceira", diz o cineasta. "Baile Perfumado" "Lampião aparece bebendo uísque importado, tomando banho de perfume francês, dançando e costurando", contam os diretores Lírio Ferreira e Paulo Caldas. O filme reconstitui o encontro de Lampião com o fotógrafo e cineasta libanês Benjamin Abraão, que registrou as únicas imagens do cangaceiro. O historiador Gilberto Freyre dizia que o árabe representa uma "eminência parda" na cultura sertaneja. Entre os costumes herdados pelo cangaceiros, estão a marcheteria e o método de sangramento de suas vítimas. Chico Science e Fred Zero Quatro (do Mundo Livre S/A), precursores do mangue beat (movimento musical que une rock a ritmos tradicionais nordestinos), assinam a trilha com Mestre Siba e Lúcio. A pré-estréia de "Baile Perfumado" está marcada para o dia 28 de dezembro, data em que se comemora o centenário do cinema. Colaborou a Redação Texto Anterior: Evento reúne 100 mil em NY Próximo Texto: Saiba quem foi Lampião Índice |
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