São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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G, L & S

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO - Para desespero dos machões e conservadores em geral, a partir desta semana, e até a próxima, o Rio deverá atrair as atenções de todos -gays, lésbicas ou simpatizantes com suas causas- que se interessem pelas questões relativas ao homossexualismo.
Dois encontros dominarão os interesses, um de travestis e outro, este internacional, de gays e lésbicas. Em ambos, há temas semelhantes, com destaque para a cidadania e a visibilidade.
São temas -os direitos de cada um ser respeitado em sociedade independentemente do sexo de seu parceiro e a necessidade ou não de cada homossexual demonstrar visivelmente sua opção- que provocam antagonismos.
O primeiro causa o confronto com os segmentos mais intransigentes da sociedade, que vêem no heterossexualismo a única forma aceitável de convivência social.
O segundo gera controvérsias entre os próprios homossexuais. Afinal, até que ponto aquele que faz uma opção sexual diferenciada deve ou não ostentá-la?
O homem ou a mulher que escolhe parceiros do mesmo sexo estaria dissimulando sua condição ao optar simplesmente por levar sua vida sem nenhum tipo de exibição, militância ou engajamento?
Essas discussões e as reações que o simples fato de homossexuais se reunirem para discutir irão causar aqui no Brasil já são um avanço.
O país não convive bem com esse tipo de coisa. Da hipocrisia dos que acham que homossexualismo é um problema e, principalmente, ``dos outros" ao engajamento radical contra qualquer tipo de ``frescura" ou de ``sapatice", as reações passam, porém, pelo apoio dos que consideram indispensável a qualquer país que anseie pela democracia plena conviver com todas as suas diferenças -de cor, raça, religião, sexo e evidentemente opção sexual.
Os homossexuais -assumidos ou não, engajados, militantes ou de qualquer outra tendência- devem ter e estão tendo seu espaço na sociedade ampliado e cada vez mais garantido porque são cidadãos. E a simpatia à sua causa deve congregar todos os que defendem o aprimoramento social e o respeito profundo pela individualidade.

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