São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
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Governo nomeia políticos 'desempregados'

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As primeiras nomeações para o segundo e terceiro escalões mostram que o governo Fernando Henrique Cardoso mantém uma prática dos governos anteriores: a nomeação de políticos sem mandato para cargos federais.
Entre os nomeados há ex-deputados, ex-prefeitos, ex-vereadores e até ex-governadores.
O secretário-geral do PP, deputado federal Benedito Domingos (DF), justifica as indicações de ex-parlamentares: ``Nós procuramos colocar os colegas sem mandato, para que eles mantenham um espaço político."
Em Pernambuco, foram nomeados Manoel Holanda Cavalcante (superintendente do INSS), ex-vereador do PTB, e Roosevelt de Lima (superintendente do Incra), ex-deputado estadual.
As bancadas do PFL e do PMDB de Santa Catarina, que fizeram indicações em conjunto, conseguiram a nomeação de Guido Ruckl, ex-prefeito de Rio Negrinho, para a Delegacia do Ministério das Minas e Energia.
A bancada do PTB emplacou uma ex-deputada federal, Etevalda Grassi de Menezes, como delegada da Agricultura (ES). Aluízio Borges Gomes, ex-deputado estadual, foi nomeado superintendente da Conab (MS).
O PP aguarda um espaço para o ex-deputado Hélio Costa (MG), que já perdeu duas eleições para o governo de Minas. Benedito Domingos afirma que o PP também indicou os ex-deputados federais Wagner Nascimento (MG) e Alberto Haddad (SP).
Também podem ser indicados ex-deputados distritais da Câmara Legislativa do Distrito Federal).
``Se melhorar o diálogo com o governo, a gente vai indicando. Temos alguns distritais, como o Fernando Naves, a Rosemery e o Padre Jonas. São pessoas que já passaram pela vida pública e podem ajudar o governo", diz ele.
A prática de nomear os politicamente desempregados tem exemplos dentro do próprio Palácio do Planalto. O subchefe do Gabinete Civil, José Abrão, que recebe as indicações dos parlamentares, é ex-deputado federal do PSDB. O assessor de Abrão, Edme Tavares, é ex-deputado federal do PFL.
A ex-deputada Lucia Vânia (PP-GO), derrotada na disputa pelo governo goiano, é secretária de Assistência Social do Ministério da Previdência: ``Não é emprego, como dizem. Mas uma pessoa da capacidade dela não poderia sumir da política", diz Domingos.
Há espaço no governo até mesmo para ex-parlamentares da oposição. A ex-deputada Irma Passoni, que se licenciou do PT, ganhou um emprego de assessora especial do Ministério das Comunicações.
O ex-líder do PMDB na Câmara Tarcísio Delgado (MG) obteve um espaço de grande prestígio, a presidência do DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem).
O ex-governador da Bahia Antônio Imbassahy, afilhado do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), foi contemplado com a presidência da Eletrobrás.
O novo superintendente do INSS no Pará, Isaac Ramiro Bentes, que assumiu o cargo na segunda-feira, disse à Agência Folha que seu nome foi uma indicação do deputado federal Victor Pires Franco (PFL-PA). ``Se o PFL está aliado ao governo, tem o direito de indicar", disse Bentes.
Ele nega que a escolha faça parte de uma troca de favores entre governo federal e os partidos que apoiaram as reformas econômicas.
Franco disse à Folha que a escolha de Bentes deve-se a ``motivos essencialmente profissionais": ``Ele tem um excelente curriculum", afirmou o deputado.

Colaborou a Agência Folha, em Belém

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