São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em alta velocidade

CLÓVIS ROSSI

HALIFAX, CANADÁ - Assustado com a forte oscilação dos humores a respeito da economia brasileira? Inquieto com o fato de o que parecia céu de brigadeiro cobrir-se de repente de nuvens de tormenta ou vice-versa? Console-se: no mundo rico também é assim.
No final de abril, os ministros de finanças dos sete países mais ricos do mundo (o G-7), reunidos em Washington, emitiram comunicado no qual se congratulavam pelo ``animador" desempenho de suas economias.
Pois bem: nesta semana, os chefes desses ministros, ou seja, os governantes do G-7 fazem a seu reunião anual de cúpula, neste porto da costa atlântica canadense, sob a sombra da temida palavra recessão.
Tome-se o próprio anfitrião, o Canadá: o primeiro trimestre foi o de pior desempenho em mais de dois anos, com crescimento de apenas 0,7% anualizado contra 4,6% no último trimestre de 94.
Passe-se para os Estados Unidos: cresceram só 2,7% no primeiro trimestre de 95 contra 5,1% no três meses finais de 94.
Resumo da ópera: ``Pode ser que país algum, isoladamente, esteja prevendo um desaquecimento agudo, mas, se todos começarem a desaquecer juntos, então haverá o risco de uma grande queda sincronizada", suspeita Robert Hormats, da Goldman & Sachs International.
E o Brasil, como fica nessa história? Bem de um lado e mal do outro. Se, de fato, o que se imaginava ser apenas um desaquecimento se transformar em recessão, o normal é que os países ricos reduzam suas taxas de juros.
Com seus juros ``escorchantes", segundo o próprio FHC, o Brasil se tornará, nessa hipótese, ainda mais atraente para os capitais especulativos, o que ajudaria a fechar as contas externas.
Mas, na outra ponta, desaquecimento no mundo rico significa menos importações, inclusive do Brasil, o que trabalha contra as tais contas externas.
O que parece evidente é que a economia mundial hoje roda a uma velocidade que os governos não conseguem acompanhar. Logo, logo, vai ser preciso criar indicadores diários e não apenas mensais, trimestrais ou anuais.

Texto Anterior: A conferência gay
Próximo Texto: Os curandeiros
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.