São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 1995
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Chile prende brigadeiro rebelde

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O brigadeiro chileno Pedro Espinoza foi preso. Ele está condenado a seis anos de prisão pela morte do líder socialista Orlando Letelier, em 1976, e anteontem havia anunciado sua recusa em ser preso.
Pouco antes de sua prisão, o comando do Exército desligou Espinoza, 66, da corporação. Assim, ele foi entregue sem maiores dificuldades à Justiça civil.
Espinoza não recebeu a mesma proteção dada ao general Manuel Contreras, condenado a sete anos pelo mesmo crime. ``O Exército me entregou. Destrói-se agora a história militar daquilo que foi o nosso Exército", disse Espinoza.
O militar foi preso no final da noite de anteontem, no Centro de Telecomunicações do Exército, em Santiago. Em seguida, foi levado à prisão de Punta de Peuco, a 30 km da capital.
Ele é o primeiro militar preso por crimes cometidos durante o regime militar liderado por Augusto Pinochet (1973-1990). O brigadeiro é também o primeiro presidiário de Punta de Peuco, cadeia recém-inaugurada.
Contreras e Espinoza foram condenados no dia 30 de maio. Logo em seguida, Contreras anunciou que não estava disposto a cumprir a pena.
Uma operação do Exército conduziu-o secretamente de seu sítio, no sul do país, para o hospital naval de Talcahuano, a 400 km de distância.
Os médicos do hospital impedem que ele seja preso, alegando que Contreras sofre de pressão alta, excesso de açúcar no sangue (hiperglicemia) e câncer. Uma junta médica examinou Contreras e entregou ontem um relatório à Justiça sobre seu estado de saúde.
Segundo o juiz Adolfo Bañados, a situação do general é menos grave do que diziam os médicos. Ele deve decidir hoje se Contreras pode ser preso.
A prisão de Espinoza diminuiu a crise entre Exército e governo, mas a prisão de Contreras ainda é considerada o ponto mais difícil de solucionar. ``Restam ainda alguns dias de inquietação e tensão", disse o presidente da Câmara, Jaime Estévez.
Os presidentes dos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, que formam o mercado comum sul-americano) emitiram nota ontem em São Paulo expressando ``firme apoio" ao presidente chileno, Eduardo Frei.
Por causa da crise militar, Frei cancelou sua viagem a São Paulo, onde participaria como observador da reunião.

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