São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Discurso contra Lula marca eleição em SP

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Embalado por um discurso interno contra Luiz Inácio Lula da Silva, a extrema-esquerda do PT disputa, com alguma chance, no próximo domingo, a presidência do diretório paulistano do partido.
Três candidatos estão na disputa: o professor secundário Gilmar Tatto (da ala de ``centro" do partido), o médico Cândido Vaccarezza (atual presidente e do grupo de ``esquerda") e a socióloga Sonia Hipólito (dissidente de um setor da esquerda petista e apoiada por quase toda a extrema-esquerda da legenda).
A eleição será disputada em dois turnos. Tatto tem vaga quase assegurada para o confronto final.
Vaccarezza e Sonia, antigos aliados da corrente ``Hora da Verdade", disputam a segunda vaga.
A eleição no mais importante diretório do partido no país dá início, de fato, à corrida pelo controle da legenda. Em agosto, a direção nacional do PT será renovada.
A disputa paulistana guarda algumas singularidades. Tatto é, entre os candidatos, o mais próximo a Lula politicamente. Mas o candidato preferido do presidente nacional do PT é Vaccarezza.
Lula não admite publicamente sua preferência por Vaccarezza, mas o considera o mais apto a dirigir a campanha do partido à Prefeitura de São Paulo em 96.
O líder petista acha também que a reeleição de Vaccarezza, ligado ao deputado estadual paulista Rui Falcão, abriria campo para garantir a ``governabilidade" do PT por meio de uma aliança entre os grupos de ``esquerda" e ``centro", afastando a legenda do sectarismo.
No bastidor petista, a candidatura de Sonia ganhou corpo, na discussão política, a partir de críticas ao apoio do partido a Mário Covas (PSDB) no segundo turno da eleição estadual paulista, em 94. Lula defendeu o aval a Covas.
A extrema-esquerda petista também fustiga Lula e Falcão por causa da tentativa dos dois de negociar uma saída política para a recente greve dos petroleiros.
Publicamente, no entanto, Sonia Hipólito não critica Lula. "Ele (Lula) é a nossa maior liderança", diz.
A eleição pode ser decidida pelo grupo do deputado José Genoino (``direita" do PT), que, com cerca de 11% dos convencionais, pode ser o fiel da balança.

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