São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Lésbicas e gays cobram maior apoio de bissexuais

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FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

Em debate realizado na 17ª conferência da Ilga (Associação Internacional de Lésbicas e Gays), os bissexuais foram citados como ``beneficiários da lei de Gérson", aquela que recomenda levar vantagem em tudo.
No debate, encerrado na noite de anteontem, no Rio, os bissexuais foram acusados por gays e lésbicas de não se integrarem nas lutas do movimento homossexual.
``No Brasil, os bissexuais não apóiam as lésbicas", afirmou Tini Figueiredo, da Outro Olhar, uma organização de lésbicas.
Esta ``facilidade" acabaria gerando falta de identidade e de solidariedade. Uma outra militante de grupo lésbico presente ao debate afirmou que esta dubiedade enfraquece a luta homossexual.
Por insistência de Figueiredo, foi incluída em proposta a ser levada ao plenário da conferência a recomendação para que as entidades bissexuais integrantes da Ilga apóiem as lutas de gays e lésbicas.
Integrante do Grupo de Ação Política Bissexual de San Diego (EUA), Jan Hansen disse ser ``presunçoso" afirmar que os bissexuais não participam das lutas de gays e lésbicas.
Greg Davidson, outro integrante do grupo, admitiu que os bissexuais sofrem este tipo de acusação em diversos países.
Afirmou que esta espécie de mágoa de grupos homossexuais é causada, em sua maior parte, pela omissão política de pessoas que têm relações sexuais com homens e mulheres mas que negam a condição de bissexuais.
A justificativa de Davidson aponta para outra polêmica do debate: a definição sobre quem é bissexual. Segundo ele, seu grupo optou por uma definição ``política": é bissexual quem diz que é bissexual, independentemente de suas práticas sexuais.
``Não sou eu que vou chegar para uma pessoa e dizer que ela é bissexual. Ela tem o direito de definir isto", afirmou.
A divergência sobre os bissexuais ficou clara no início do debate, quando os participantes foram convidados a reproduzir conceitos sobre a categoria.
Entre outras definições, foram citadas: ``Não são confiáveis", ``Têm sentimento de prepotência". Um participante do grupo citou uma frase mais radical: ``Bissexuais não existem. São gays ou lésbicas e não admitem ou estão em processo de transição para a homossexualidade."

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