São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Courtney Love vira o ícone pop do momento

ERIKA PALOMINO; EVA JOORY
COLUNISTA DA FOLHA

EVA JOORY
Todos os requisitos para assumir o cargo de diva pop já estavam aí para quem quisesse ver. Mas precisou morrer Kurt Cobain para o mundo se render a Courtney Love. Quem ainda tiver alguma dúvida pode ligar na MTV hoje às 21h30. E repetir o gesto por mais sete vezes até quarta.
É quando a emissora exibe o ``Acústico" com a banda de Love, Hole, e uma megaentrevista batizada de ``Dossiê" (confira os horários de cada programa na ficha técnica abaixo).
Até o suicídio de Cobain, em abril último, Love era vista apenas como a primeira-dama do grunge, o rock sujo e falhado que conquistou o planeta a partir da cidade norte-americana de Seattle e também a partir do próprio Cobain e sua banda, o Nirvana.
Espécie de Yoko Ono dos anos 90, Love catalisava o amor e o ódio dos fãs do Nirvana por ajudar na loucura -e no vício- de Cobain. Quem não se impressionou com a gravidez da cantora, há três anos, diante do sabido consumo de heroína por parte do casal?
Foi a partir daí que Love ganhou manchetes e a atenção da mídia. De lá para cá, nasceu (saudável) a menina Frances Bean Cobain, morreu Kurt, morreu sua companheira de banda Kristen Pfaff, de heroína, e a própria Love teve seus problemas com drogas e remédios.
Sobre tudo isso Love fala ao top repórter da MTV americana, Kurt Loder, em entrevista gravada em Toronto, no Canadá. É o tal ``Dossiê Courtney Love".
Em seu inglês enrolado, Love fala primeiro de sua infância, de sua família, escolas, amigos etc. Detalhe: Love é nome de verdade -Love Michelle Harisson. Já o nome de sua filha, Frances, foi escolhido em homenagem à atriz Frances Farmer, também nascida em Seattle.
Love nunca ligou para aparências. Parece falar tudo o que sente e fazer o que quer. Quando adolescente foi parar numa clínica de reabilitação. Trabalhou como telefonista vendedora e chegou a fazer strip-tease no Alaska. Nos anos 80, fez pontas em dois filmes de Alex Cox, ``Sid and Nancy" e ``Straight to Hell".
Conheceu Cobain em 1989. Três anos depois, se casavam em cerimônia que ambos queriam secreta, no Havaí.
Quando sua filha nasceu, começaram os rumores de sua vida com Cobain. De que ele era bissexual, que ambos passavam os dias se drogando. Love nega tudo (ela mesma assume experiências com mulheres), mas comenta seu envolvimento com as drogas: ``Nasci num meio onde era legal fumar maconha e tomar ácido. Essa era a geração de meus pais. Ninguém nunca morreu. Com heroína é diferente. É errado romancear a heróina. Ela tem um `approach' narcisístico, as pessoas acham que é chique, cool. Eu já perdi dez amigos, não incluíndo aí maridos e integrantes de banda. Hoje já não uso mais drogas".
O programa também menciona seu relacionamento (ou suposto envolvimento) com Michael Stipe, vocalista da banda R.E.M e com Evan Dando, durante os anos de seu casamento com Cobain. Love também nega e diz: ``Tive sorte de tê-lo (Cobain). Sempre rezei para que ele se amasse um pouco mais, mas era difícil".

Acústico Hole: hoje às 21h30, sábado às 23h, segunda às 23h45 e terça às 14h30. Dossiê Courtney Love: sábado às 22h30, domingo às 17h30, terça às 20h e quarta às 15h.

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