São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Parlamento russo condena governo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Parlamento russo condenou ontem o governo do país pela campanha militar na república separatista da Tchetchênia, iniciada em dezembro, e pelo alastramento do conflito para o sul da Rússia.
Na semana passada, mais de 110 pessoas morreram durante o ataque de um grupo de guerrilheiros tchetchenos em Budennovsk.
Eles mantiveram mil reféns em um hospital e conseguiram fugir para a Tchetchênia após conseguirem que os russos suspendessem os ataques em seu território.
Revoltados com o que consideram "humilhação", 241 deputados da Duma (equivalente à Câmara dos Deputados brasileira) aprovaram um voto de desconfiança contra o gabinete do premiê Viktor Tchernomirdin. Setenta e dois votaram com o governo.
Apesar disso, o presidente Boris Ieltsin manteve o gabinete inalterado, decisão que surpreendeu o meio político russo.
Durante a crise dos reféns em Budennovsk, Tchernomirdin irritou Ieltsin ao aparecer como líder das negociações e subir nas pesquisas de popularidade.
Mas os dois se reuniram, e ontem Ieltsin concordou em manter Tchernomirdin no cargo. "Estou pronto para ir embora se alguém provar que pode fazer melhor", disse o primeiro-ministro.
Segundo as leis russas, Ieltsin pode ignorar o voto da Duma. Mas, se ele for repetido em três meses, o presidente é obrigado a dissolver o gabinete e convocar eleições.
Politicamente, o voto de desconfiança significa uma prévia para as eleições parlamentares de dezembro. Houve clara articulação entre os opositores do governo Ieltsin, os comunistas, ultranacionalistas e agrários, o que pode indicar composição de forças.
"A crise mostra a ruína do governo em Moscou", afirmou o último líder soviético, Mikhail Gorbatchov. Ontem, os comunistas conseguiram cem assinaturas pedindo uma mudança na Constituição russa para permitir o impeachment do presidente.
A oposição, por enquanto, está empenhada em retirar do governo os ministros responsáveis pela invasão da Tchetchênia: Pavel Gratchev (Defesa), Viktor Ierin (Interior) e Sergei Stepachin (Serviço de Segurança Federal).
"Se nós não conseguimos retirar os três, temos então que retirar o governo todo", afirmou Iekaterina Lakhova, líder do partido oposicionista Mulheres da Rússia.

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