São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995 |
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0800-Escravidão
CLÓVIS ROSSI SÃO PAULO - A CUT (Central Única dos Trabalhadores) lança hoje uma campanha nacional contra o trabalho escravo, uma das pragas remanescentes em um país que se pretende moderno.O paradoxal é que a campanha contra esse tipo de atraso vai se utilizar de uma das armas da modernidade, embora já não tão nova, qual seja o telefone 0800, aquele que permite chamadas gratuitas. Quem tiver denúncias a fazer a respeito de trabalho escravo poderá chamar o número a ser divulgado hoje para apresentá-las. Não deixa de ser ilustrativo que se tenha que fazer uma campanha contra o trabalho escravo quando o país lembra os 300 anos de Zumbi dos Palmares, herói da resistência negra à escravidão. Aliás, é um dos pretextos utilizados pela CUT para o lançamento da campanha. O governo deveria ter o maior interesse em participar igualmente da campanha. É crescente, no mundo desenvolvido, a pressão para que as chamadas cláusulas sociais passem a fazer parte dos acordos comerciais. Ou seja, para que todo acordo comercial esteja condicionado ao respeito, pelas partes contratantes, da legislação trabalhista internacional. O Brasil está sempre na defensiva quando se trata do trabalho infantil. No caso do trabalho escravo, é óbvio que a legislação brasileira também o veta. Mas parece tão disseminado, principalmente nos grotões do país, que abre a brecha para que o mundo rico pressione o governo brasileiro. E, por falar em escravidão, só agora, ao voltar de viagem ao Canadá, pude ler as cartas enviadas a respeito do texto sobre segurado da Previdência que não consegue receber seus direitos, apesar de ter sentença a favor já faz cinco anos. Há até uma carta de um aposentado de 92 anos que está em situação parecida com a que foi denunciada. Também só agora consegui ler a carta-resposta do ministro da Previdência, Reinhold Stephanes, ao segurado prejudicado. Nada a acrescentar ou a retirar de editorial posterior desta Folha sobre a carta do ministro. Texto Anterior: Cem anos depois Próximo Texto: Nem governo, nem coveiros Índice |
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