São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Bebida é negócio de Estado no país

CPL
DA ENVIADA ESPECIAL A SUÉCIA

O sueco é tímido e fala baixo. Mas pode cantar alto em uma rara ocasião: quando vai fazer um brinde -o ``skal" (pronuncia-se scol).
A forte ``acquavit", uma espécie de aguardente, e a vodca são parte integrante desse ritual.
Em um país frio como a Suécia, os quentes destilados fazem parte da tradição e história, a ponto de terem sido usados como remédio.
Um medicamento popular na Idade Média era o ``bravin" (``vinho queimado"), feito de grãos ou batata, que deu origem à vodca. Acreditava-se que ele curava peste negra, câncer e reumatismo.
A primeira licença de produção que se tem notícia foi concedida em 1489 a Corth Flaskedragare. A única condição foi que ele fornecesse parte do destilado ao governo, que com ele fazia pólvora.
O ``bravin" se tornou tão popular que acabou se transformando em um problema de saúde pública.
Os processos de destilação primitivos produziam, entre outros resultados, o letal etanol. E o consumo era elevado -em 1829 chegava a 46 litros por pessoa/ano.
Em 1850, o governo desenvolveu uma ampla campanha antiálcool em toda a Suécia.
Para tentar reduzir o consumo e melhorar a qualidade do ``bravin", foi criada legislação na década de 1860 proibindo todas as formas de destilação domésticas.
Com isso, cresceram as grandes destilarias, que desenvolveram técnicas usadas até hoje.
Em 1860, o empresário Lars Olsson Smith tinha construído a destilaria mais importante da ilha de Reimersholme, uma das que hoje constituem Estocolmo.
Ele criou um verdadeiro império. Absorveu inúmeras destilarias, principalmente na região de Skane (pronuncia-se skune), sul do país, responsável por mais de 50% da produção de ``bravin" na época.
Foi ele quem registrou, em 1879, o nome Absolut -``Absolut Rent Bravin", que significa ``bravin absolutamente puro". A vodca Absolut é produzida até hoje pelo governo sueco.
O monopólio de produção, distribuição, venda, importação e exportação de bebidas alcoólicas foi introduzido em 1917 pelo governo sueco, visando obter mais arrecadação e conter o consumo.

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