São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sarney critica taxas, mas é contra os 12%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), criticou ontem a política monetária do governo Fernando Henrique Cardoso e disse que as altas taxas de juros adotadas podem levar à recessão.
Mas ele ressaltou que os juros devem seguir regras de mercado e, por isso, é contra o tabelamento dos juros pela Constituição.
``Essa regra é ineficiente e ridícula. O dinheiro é uma das mercadorias mais sensíveis da economia e está sujeito às leis de mercado", disse.
Está marcada para a próxima terça-feira, na Câmara, a votação de um requerimento que obriga a tramitação urgente de um projeto limitando em até 12% os juros reais (acima da inflação) ao ano.
O governo trabalha para adiar esta votação para agosto, pois não concorda com o tabelamento de juros -uma vez que estas altas taxas reprimem o crédito ao consumidor e incentivam a poupança.
O artigo 192 da Constituição limita as taxas de juros reais a 12% ao ano, mas esta limitação precisa ser regulamentada por lei.
Sarney afirmou que apóia o presidente e o fato de fazer críticas ao seu governo ``é uma forma de colaboração". Na sua opinião, o governo deve buscar uma política monetária que implique redução das taxas de juros.
``Colocar os juros em patamares astronômicos apenas como instrumento de política monetária leva, sem dúvida, a um caminho que pode desembocar na recessão", disse Sarney.
O STF (Supremo Tribunal Federal) tem cobrado do Congresso a regulamentação dos juros de 12%.
O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), vai apresentar proposta para retirar o tabelamento da Constituição.
Planalto
O porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral, afirmou que Sarney telefonou para Fernando Henrique Cardoso e disse que foi ``mal interpretado" sobre declarações a respeito da política econômica do governo.
José Sarney declarou anteontem e reafirmou ontem que a política econômica do governo é ``recessiva". O Palácio do Planalto evitou confronto com o presidente do Congresso e ex-presidente da República.
Segundo Amaral, FHC ``acredita no que o presidente José Sarney disse e, mais do que isso, é testemunho do esforço que o presidente José Sarney tem feito em apoio à política econômica do governo e em apoio às propostas do governo no Senado".

Texto Anterior: RJ vai vender estatais de água, gás e energia
Próximo Texto: Imprensa Nacional doa papel a Ruth
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.