São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995![]() |
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Pé no freio Depois de manter o freio vigorosamente acionado por vários meses, o governo começa a dar sinais de que considera exagerada a política de contração seguida até aqui. A política de sucessivos apertos no crédito está afinal sendo gradualmente relaxada, ainda que os juros continuem estratosféricos. Após algumas medidas de descompressão dos compulsórios, o BC na última quarta autorizou a renegociação e o parcelamento de dívidas referentes a cartões de crédito, cheques especiais e empréstimos bancários. O salto nos números de inadimplência, falências e concordatas, o aumento nas demissões, a queda na produção industrial, as férias coletivas anunciadas por várias empresas já indicavam para a sociedade que a economia encontrava-se em franco e inquietante processo de desaquecimento. É até compreensível que o governo queira ser cauteloso com a política monetária. Na ausência de avanços na reforma fiscal -a situação das contas públicas não sofreu melhora concreta significativa-, ela ganha ainda mais importância. As restrições ao crédito e os juros altíssimos de fato contribuem para conter a atividade, reduzindo pressões inflacionárias, e ajudam a atrair capitais externos. Se há lógica na política do governo, é discutível a sua intensidade, face aos impactos perversos que vem gerando. A dúvida que surge é se o governo não obteria os mesmos resultados com um aperto menos vigoroso -com juros menos escorchantes-, sem todos os enormes custos para as contas públicas para a economia em geral. O relativo afrouxamento das últimas medidas, nesse sentido, ainda é tímido. Há algum alívio em determinadas operações e autoridades do governo vêm apontando para mais avanços na mesma direção mais à frente. Por enquanto, contudo, os juros permanecem nas nuvens, o crédito segue difícil e a tônica geral continua sendo de aperto. É como parar de afundar mais o pedal do freio. Mas apenas isso. Texto Anterior: Assim não Próximo Texto: Médico e mendigo Índice |
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