São Paulo, domingo, 25 de junho de 1995
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55% dos negros querem reserva de vagas

DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia de uma legislação que assegure vagas para os negros nas escolas e no trabalho é apoiada pelos entrevistados. Entre os negros, 55% deles disseram concordar totalmente ou em parte com a obrigatoriedade de quotas.
Outros 44% discordaram da idéia. À medida que aumenta o nível de escolaridade, cresce o número de negros que discorda do sistema de vagas.
Para Carlos Eduardo Uchoa Fagundes, um dos diretores da Fiesp -Federação da Indústria do Estado de São Paulo-, mais importante do que quotas seria dar oportunidades a todos.
No seu conceito, não há discriminação racial no país, mas uma diferença cultural e de aptidão:
``os japoneses são mais hábeis em coisas pequenas e delicadas, os negros têm mais facilidade no serviço pesado."
A comunidade negra e o movimento sindical estão há dois anos discutindo o assunto. ``Temos que lutar primeiro para que haja um reconhecimento de que discriminação existe", diz Ivair Augusto Alves dos Santos, militante negro.
Já para Vicentinho, presidente da CUT, ``as quotas não seriam necessárias se houvesse oportunidades para todos". ``Mas diante de tantas diferenças, seria interessante que a sociedade garantisse mecanismos de igualdade."
Fulvia Rosemberg, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e professora de psicologia social da PUC de São Paulo e a socióloga Regina Pahim Pinto, pesquisadora da mesma fundação, afirmam que as crianças pretas e pardas começam a perder a corrida para as brancas já na pré-escola.
Em São Paulo, 50% das crianças em creches são negras, duas vezes mais que a proporção de pretos e pardos da cidade. Para Rosemberg, ``a política social brasileira é de pobre para pobre. Escola para pobre é pobre, ônibus para pobre é pobre, equipamento é pobre."

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