São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 1995 |
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Voto cego Não bastasse a idéia esdrúxula de tentar proibir a divulgação de pesquisas eleitorais, surge agora uma proposta ainda mais absurda: impedir que os meios de comunicação interpretem os resultados das enquetes de opinião já na próxima eleição, em 96, quando serão escolhidos prefeitos e vereadores. A alegação de quem defende tais medidas é primária. ``A pesquisa tem peso na decisão do eleitor", nas palavras do deputado João Almeida (PMDB-BA), relator do projeto de lei que vai regulamentar as futuras eleições. A solução, para o parlamentar, seria privar o eleitor, considerado tão influenciável, de seu direito à informação. O público ficaria sem conhecer a posição dos candidatos cerca de 60 dias antes do dia da eleição e mesmo antes desse período não poderia ouvir ou ler qualquer comentário interpretativo dos dados apurados. Mas, como a realização de pesquisas não estaria proibida, partidos políticos e poderosos grupos econômicos continuariam comprando as enquetes, mantendo-se bem-informados, como sempre. Querer impedir a mídia de publicar os resultados e de analisar os fatos é afrontar brutalmente o direito de informação e a liberdade de imprensa. É querer retroceder na história e ressuscitar fantasmas de infame memória como a Lei Falcão. De um relator de projeto de lei espera-se bom senso e não que reivindique a volta da censura. É preciso que se dê um basta nesse festival de absurdos e que se impeça esse retrocesso. Dados e análises relativos às votações são informações relevantes das quais a sociedade não pode abrir mão. Texto Anterior: Os grilhões do atraso Próximo Texto: Novo Carandiru Índice |
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