São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 1995
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Lara Resende afirma que saiu 'derrotado' do governo

Pergunta da deputada Maria da Conceição provoca desabafo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O economista André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real, fez ontem um desabafo, dizendo que ele e Pérsio Arida saem do governo ``sempre que derrotados".
Arida deixou a presidência do Banco Central no início deste mês. Lara Rezende esteve no governo, como negociador da dívida externa, entre agosto e dezembro de 1993. Os dois foram os responsáveis pela criação da URV (Unidade Real de Valor).
Eles também ajudaram a formular o Cruzado, em 1986, e deixaram o governo após a implementação daquelas medidas.
Lara Resende foi provocado pela deputada Maria da Conceição Tavares (PT-SP), durante debate ontem na Câmara dos Deputados.
A deputada acusou os dois de deixarem o governo ``quando as coisas se complicam". A frase provocou gargalhadas na platéia.
Nem Arida nem Lara Resende haviam admitido terem saído do governo em função de divergências nas equipes econômicas.
Ao anunciar sua recente demissão, Arida disse que deixava o cargo por ``motivos pessoais".
Arida defendia uma desindexação ampla e imediata da economia a ser feita ainda neste mês, com o fim da correção automática de salários, aplicações financeiras e impostos.
O governo, no entanto, deverá desindexar de forma completa somente os salários.
``Não se pode entrar e sair da vida pública por se ter sido derrotado", disse a deputada. ``Arida poderia ter ficado e tentado convencer os ministros de que a desindexação era necessária."
Em 1993, Lara Resende afirmou que saía do governo porque o acordo da dívida externa já havia sido assinado e por considerar ter cumprido ``sua missão".
Mas ele divergia do então ministro Fernando Henrique por considerar que o Real só deveria ser lançado após o ajuste fiscal.

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