São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 1995 |
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Juninho é o diferencial do time de Zagallo
ALBERTO HELENA JR.
Não que Juninho seja um novo Zico, um Pelé. Apenas, seu estilo, um bem combinado composto de velocidade e habilidade, confere ao time um equilíbrio quase perfeito entre a defesa e o ataque. Juninho, para Zagallo, é o número 1. Que o moço não se embriague com a ``nomenklatura", já que ela não é ditada pelo conceito de excelência, mas sim pela distribuição tática em campo, pois o técnico prefere dizer que joga num 4-3-1-2. Juninho é o 1, que faz a ligação do meio-campo ao ataque, atuando um passo adiante da linha média formada por Dunga, César Sampaio e Zinho. Isso oferece ao número 1 uma larga faixa de ação, que, no sentido vertical, vai do meio-campo ao gol adversário, e, no horizontal, de lateral à lateral. Ora, Juninho, mais que hábil, é leve, veloz e destro. Como tal, consegue obter efeitos extraordinários. Não me perguntem por que o destro, em geral, é mais versátil que o canhoto. São tantas as explicações existentes que levaríamos meses discutindo-as. O fato é que, na prática, lá dentro das quatro linhas, por mais genial que o canhoto seja, ao descambar ali pela meia/ponta-direita parece ter ingressado noutra dimensão: dá quase sempre a nítida impressão de que perdeu o prumo, a noção de espaço e até o contato com a bola que, geralmente, lhe é tão solícita do outro lado. Digo tudo isso porque Zagallo pensa em colocar Leonardo ou Souza no lugar de Juninho, dois canhotos incorrigíveis. Mais que isso: o estilo de cada um nada tem a ver com o do outro nessa ciranda de três. Vejamos: Souza é um típico meia-esquerda armador, que disputaria posição, digamos, com Zinho; Leonardo é um lateral-esquerdo com incontroláveis ímpetos ofensivos, que se transferiu para o meio-campo e que deveria estar brigando pelo posto de César Sampaio ou de Dunga, como um segundo volante mais agressivo. No máximo, poderíamos empurrá-lo até o lugar de Zinho, para fazer pela esquerda um revezamento com seu clone, o lateral Roberto Carlos, o verdadeiro ponta-esquerda do time. Assim, o mais lógico seria dar uma chance ao menino Beto, do Botafogo, que mais se assemelha ao titular Juninho. A bem da verdade, a chance seria de Giovanni, que, inexplicavelmente, foi trocado por Narciso, no estranho critério que determinou a convocação de apenas um jogador de cada clube paulista. Mas o fato é que Zagallo está com um crédito milionário. E se é tempo de observação, vamos observar. Afinal, com o toque de Midas de Zagallo, é bem capaz de Leo e Souza arrebentarem a boca do balão, um em cada tempo, e eu, com minhas teorias, ser obrigado a pedir um tempo. Texto Anterior: Brasil tenta quebrar um tabu Próximo Texto: Era uma vez, em 1975... Índice |
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