São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 1995
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Político lança ofensiva conservadora nos EUA

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

A pouco mais de um ano da eleição presidencial nos EUA, a corrida para a Casa Branca provoca uma ofensiva conservadora.
O protagonista da história que ganhou as manchetes de jornais e revistas norte-americanos é o senador norte-americano Robert Dole.
Ele é um dos oito aspirantes à candidatura presidencial pelos Republicanos e lançou sua campanha com um ataque à indústria cultural do país, especificamente à fonográfica e cinematográfica.
Dole acusa esses setores de atentar contra a decência e a dignidade e serem responsáveis pelo declínio moral norte-americano.
No cinema, ele citou a violência de filmes como ``Assassinos por Natureza", de Oliver Stone, e ``Amor à Queima-roupa", de Tony Scott, como mau exemplo.
(Curiosamente, Dole citou o filme megaviolento ``True Lies", com Arnold Scwarzenegger, como exemplo de ``diversão para a família", ao lado de ``O Rei Leão" e ``Forrest Gump".)
Ele também criticou grupos de rap como o 2 Live Crew.
Um dos alvos principais é a Time-Warner, que controla a revista ``Time", os estúdios Warner e a gravadora Warner Music, que tem contrato com vários artistas do gênero ``gangsta" (rappers que falam de drogas e violência).
A ironia é que a empresa contribuiu para campanhas de Dole.
A polêmica ressuscitada pelo senador foi o início de uma onda conservadora. William Bennett, ex-secretário de Educação, cargo que equivale a ministro nos EUA, escreveu cartas para os conselheiros da Time-Warner exigindo que a empresa suspendesse a distribuição de discos com letras violentas.
É provável que, se não fosse início da campanha, as diatribes de Dole não tivessem tanto destaque. Ele faria menos barulho se uma pesquisa recente nos EUA não tivesse revelado que 74% dos norte-americanos estão descontentes com a forma como essas indústrias tratam o sexo e a violência.

Brasil
No Brasil, como nos EUA, a censura é proibida por lei. Mas alguns fatores recentes fizeram a discussão voltar também por aqui.
As últimas polêmicas envolvem um clipe do grupo Planet Hemp, que aborda a maconha e só pode ser exibido após as 23h. E a novela ``Malhação", da Globo, que exibiu cenas de nudez vistas por um ator adolescente, às 17h.
Na sexta, durante show em Brasília, o grupo de rock Paralamas do Sucesso foi proibido de cantar a música ``Luiz Inácio (300 Picaretas)", que cita a declaração do presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em 93, de que havia 300 picaretas no Congresso.
O Ministério Público acatou um pedido da Procuradoria Geral da Câmara de Deputados para proibir a execução pública. O grupo promete recorrer da decisão, definida por eles como ``censura". (LAR)

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