São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 1995 |
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Alfândega furada Nos últimos dias, 35 funcionários da inspetoria da alfândega do Aeroporto Internacional de Cumbica (SP), incluindo o próprio inspetor, foram afastados por suspeitas de corrupção e de desvio e furto de cargas. É um daqueles casos que parece apenas a pequena ponta de um imenso e sórdido iceberg. Suspeitas de irregularidades nos serviços alfandegários não só em Cumbica como em todo o país não são novas, e a impressão disseminada é de que há mesmo práticas quase que institucionalizadas de burla à lei e sonegação de impostos em pontos de entrada e saída do país. Essas dúvidas porém acabavam como que perdidas, sem maiores consequências, em meio à deplorável situação geral da Receita e demais órgãos fiscalizadores. Não se investigava com o devido afinco a atividade dos próprios fiscais, inspetores e outros responsáveis, perpetuando uma cadeia de irregularidades que não só sangra o país de recursos e do controle sobre suas fronteiras como também, no limite, abre caminho para a entrada de armas e drogas que sustentam violência, vício e morte. Um período de exceção no triste histórico da Receita ocorreu durante a gestão de Osiris Lopes Silva quando pelo menos a imagem do órgão ganhou seriedade e respeito inéditos, estimulando um aumento de arrecadação devido ao temor gerado por uma fiscalização mais honesta e rigorosa e uma confiança menor na impunidade. É claro que os níveis de sonegação continuavam e continuam muito acima do razoável no país, mas esse interregno demonstrou que é possível ao menos começar a moralizar a máquina fiscalizadora. As gigantescas dificuldades que se colocam ante a depuração de uma estrutura há tanto viciada só tornam ainda mais urgente uma reestruturação ampla e profunda tanto da Receita como da Polícia Federal. Texto Anterior: "Publicus X privatus" Próximo Texto: Nurembergue de arrabalde Índice |
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