São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Cargo foi 'negociado' durante impeachment

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ligação de Valdemar Costa Neto (PL-SP) com Cumbica começou no governo Collor. O deputado afirma que foi a Fernando Collor e teria dito: ``Vou deixar o governo. O seu governo está ruim, e ainda não levei nada".
Collor teria pedido para Costa Neto escolher um cargo em São Paulo. O deputado diz que indicou um nome (Marco Aurélio Bussi) para o cargo de inspetor da alfândega em Cumbica. A nomeação não saiu, segundo Costa Neto.
Na época da votação do impeachment de Collor (dezembro de 92), Costa Neto havia havia declarado à Folha que votaria contra o presidente. Teria sido avisado por um vice-líder do governo que a nomeação de Bussi sairia no dia seguinte ao impeachment se Costa Neto votasse a favor de Collor.
Costa Neto teria dito que não poderia mais mudar o voto, alegando que ``já saiu no painel da Folha". A Folha publicava, na época, quadro com parlamentares pró e contra o impeachment. Bussi foi transferido de Santo André (SP) para Cruzeiro do Sul (AC).
Já no governo Itamar, Costa Neto teria pedido novamente o cargo de Cumbica. O então secretário da Receita, Osiris Lopes Filho, vetou. O então ministro-chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, pediu outro nome.
Aramis Moraes foi indicado e tomou posse em 31 de dezembro de 93. Em março, Costa recebeu reclamações contra Moraes e pediu verbalmente a sua exoneração.
Como não foi atendido, enviou ofício a Hargreaves pedindo providências em 25 de maio de 94. Moraes foi mantido no cargo.
Novo ofício teria sido enviado a Hargreaves em 8 de junho, também sem sucesso. A exoneração só ocorreu neste mês, quando ficaram comprovadas as irregularidades.
A Folha ligou para a presidência da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) e solicitou entrevista com o presidente, Henrique Hargreaves. Adiantou o assunto, mas não teve retorno até as 20h.

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