São Paulo, segunda-feira, 3 de julho de 1995
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Diagnóstico sem prognóstico

Em meio a debates entre a equipe econômica e o ministro da Saúde, Adib Jatene, surge uma proposta estapafúrdia. Mais do que isso, inconstitucional até. O secretário do Tesouro, Murilo Portugal, defendeu na semana passada a cobrança pelo atendimento em hospitais públicos, ``para desestimular a busca por serviço gratuito".
A idéia foi descartada pelo ministro Jatene. As propostas defendidas por Jatene para sanear o caixa da Saúde, por sua vez, não têm encontrado ressonância entre integrantes da equipe econômica. Sem que, até o momento, os Ministérios do Planejamento e da Fazenda tornassem públicas as razões pelas quais ainda não endossaram a volta do imposto sobre cheques ou mesmo o aumento de alíquotas sobre bebidas e fumo, cujos recursos seriam canalizados para a Saúde. Tampouco apresentaram alternativas ao ministro, para quem a falta de recursos põem em risco a saúde de milhões de pessoas.
O Ministério da Saúde, reconhece Jatene, tem sido prioridade do governo por estar recebendo toda a verba do Orçamento a que tem direito, mas afirma que o caixa está comprometido com o pagamento de hospitais e ambulatórios -de cujo estado crítico ninguém duvida. Depois de seis meses no governo, o ministro tem-se destacado mais pela reivindicação de verbas para sua pasta do que por providências concretas que combatam a corrupção e o desperdício no setor.
É de se lamentar que a racionalização de que o ministério tanto necessita pareça estar sendo prorrogada para um futuro ainda incerto. Mas é igualmente deplorável que divergências em áreas importantes do governo continuem a vir a público e que só no final da semana o presidente Fernando Henrique Cardoso tenha-se pronunciado favoravelmente à recriação do IPMF.
Que esse apoio tardio se traduza em empenho tão grande quanto o que o presidente tem demonstrado pela aprovação das reformas. Porque a Saúde, todos sabem, também tem muita pressa.

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