São Paulo, terça-feira, 4 de julho de 1995
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Para Fiesp, MP leva a negociar com empresas

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A medida provisória (MP) da desindexação aponta no caminho das negociações salariais por empresa, no entender de Roberto Ferraiuolo, diretor titular do Departamento de Relações Intersindicais da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
``Acho positivo a medida provisória ter definido que o aumento real a título de produtividade terá de ser com base em critérios objetivos, aferidos por empresa", disse Ferraiuolo, que é juiz classista aposentado.
Ele argumenta que isso permitirá que as empresas em piores condições não tenham de conceder aumentos reais iguais àquelas em melhores condições. ``Com isso, mais empresas vão sobreviver e as demissões serão menores", diz.
Segundo ele, a Fiesp defende o pluralismo sindical e a possibilidade de existência de sindicatos por empresa. ``Acho errado a unicidade sindical prevista na Constituição hoje. Para a livre negociação acontecer mesmo, é necessário que ela acabe", disse Ferraiuolo. Hoje, a Constituição proíbe a existência de mais de um sindicato representando a mesma categoria profissional.
Para ele, a MP é apenas o início do processo de desindexação. ``Ainda existe o resíduo do IPC-r, que tem que ser reposto nas datas-bases", afirmou. O IPC-r, extinto pela MP, corrigia os salários até junho.
Para Ferraiuolo, o governo caminha no sentido certo, mas as partes ainda tem um longo aprendizado no sentido da livre negociação.
Ele diz que a figura do mediador nas negociações salariais é conhecida. ``Mas se os petroleiros, por exemplo, não respeitaram nem a decisão do Tribunal Superior do Trabalho, será que vão respeitar a opinião do mediador?", perguntou.
O presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, disse que o mediador vai ajudar a ``desatravancar" as negociações e a Justiça do Trabalho. ``Ele não tem poder de decisão, como o árbitro, mas é uma figura importante."

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