São Paulo, quarta-feira, 5 de julho de 1995
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Veja as declarações textuais do presidente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A polêmica da ``esquerda burra" começou anteontem pela manhã, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso abriu a teleconferência comemorativa dos sete anos do PSDB.
FHC disse que o partido não tem de ter medo de fazer as reformas. ``É uma coisa boa, não uma concessão."
Ele se explica: ``O programa é do PFL. Mas o que é isso? Só o PFL tem o direito de ser inteligente? Por que nós não? Eu disse a vida inteira uma coisa que sempre me custou muito. Eu digo: para ser de esquerda não é preciso ser burro. É preciso captar o sentido do mundo e não ficar dogmaticamente aferrado a palavras".
O presidente também fez críticas, sem citar nomes, aos que ficam apenas presos a discursos:
``Eu vejo até com tristeza -se eu não fosse o presidente da República daria até o nome aos bois- pessoas com quem eu convivi num passado não tão remoto e que hoje tentam tomar a bandeira de pessoas mais atrasadas do que eles. E passam a empunhar bandeiras absolutamente arcaicas".
Ele afirmou que essa esquerda chega a defender propostas ``até mesmo fascistas" -como a indexação salarial, criada no governo militar de 64.
``Por que a chamada esquerda -que muitas vezes de esquerda não tem mais nada- assume bandeiras antigas, mais atrasadas? Não precisa. O PSDB não pode entrar por esse caminho e não vai entrar. Estou vendo os líderes defenderem o oposto", concluiu.
Na opinião de Fernando Henrique, essa esquerda quer resolver vários assuntos ``apressadamente" e ``com preconceito". ``Eu vejo às vezes com tristeza discursos, manchetes de jornais, dizendo e afirmando coisas que não têm nada a ver com a realidade".
FHC incitou o PSDB a defender a modernização e a mostrar que pode ganhar a ``batalha ideológica". ``É preciso explicitar e mostrar que o mundo mudou, que o Brasil mudou para melhor, está ganhando e vai ganhar essa guerra contra a pobreza".
Disse ainda: ``Moderno não é aquilo que se pensava no passado, não é importar, não é imitar. Moderno é melhorar a condição de vida, ter capacidade de optar, de entender, de ter a razão livre para escolher -e escolher bem, com coragem, discutindo, negociando, mas tem que assumir que nós estamos mudando o Brasil".

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