São Paulo, quarta-feira, 5 de julho de 1995 |
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Mais guerra santa
NELSON DE SÁ
Ela ganhou força nas últimas semanas e ontem a Rede Vida, a emissora católica, dizia que “o ministro da Justiça declarou guerra contra os abusos das emissoras de televisão, cada vez mais recheadas de sexo e violência, segundo ele”. Como sua primeira ação de guerra, Nelson Jobim “decidiu reformular o departamento de classificação indicativa, que é o responsável pela indicação da faixa etária e horária”. A Globo, que deu o maior apoio ao todo-poderoso desde o princípio, adiantou-se a todos e abriu a semana anunciando que a novela das oito, por exemplo, é para maiores de 14 anos. A segunda campanha de d. Lucas é recente, ao menos em público, abertamente, e quer o retorno do ensino religioso à escola pública paulista. Desde logo, causa arrepios à concorrência. A Record, rede pentencostal ou neopentencostal, juntou o que conseguiu para se opor ao avanço católico. O ensino religioso, previsto na Constituição, está sem efeito em São Paulo. Um acordo entre católicos e peemedebistas foi fechado, mas o tucano Mário Covas, aliás eleito em meio a uma batalha político-religiosa, entrou e suspendeu tudo. A medida foi “para evitar discriminação”, sublinhou a Record, chamando a comentar um babalorixá e dois pastores, da Assembléia de Deus e Igreja Universal, dona da casa. Francisco Pinheiro, âncora da rede pentencostal, opinou que o ensino religioso “não pode se transformar numa jogada de mercado da fé, numa luta de mercados para obter adeptos”. Como, aliás, foram os casos das concessões de rádio e da Record aos pentecostais. Voltando ao todo-poderoso, d. Lucas segue cada passo da direita cristã americana. As bandeiras político-cristãs concentram-se, como na ação de Ralph Reed, da Coalizão Cristã ligada aos republicanos, numa oposição moralista aos excessos da televisão e numa volta do ensino religioso. O próximo passo talvez seja um “Contrato com o Brasil”, feito por aquele Newt Gingrich pefelista, o filho de ACM. Texto Anterior: FHC diz que vai alterar medida provisória Próximo Texto: Receita quer maior fiscalização em Cumbica Índice |
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