São Paulo, quarta-feira, 5 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rapaz é denunciado por matar publicitário

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Glybas Egydio da Silva Cortez, 19, o ``Neno", foi denunciado criminalmente pelo MPE (Ministério Público Estadual) sob a acusação de ter assassinado o publicitário Antônio Carlos Patrício Valério.
O motivo do crime foi um punhado de mostarda atirado por um grupo de meninas no carro de um amigo de Neno. Valério foi morto ao tentar acabar com um discussão entre as mulheres e os rapazes.
O assassinato ocorreu em 16 de junho de 94, em frente a lanchonete New Dog, na rua Joaquim Floriano, no Itaim Bibi (zona oeste).
Além de Valério, Neno também teria baleado na perna um amigo do publicitário, Pedro Barbastefano Junior, 32.
Neno foi denunciado por homicídio duplamente qualificado porque teria agido por motivo fútil e por ter posto em risco a vida de outras pessoas ao disparar em Valério e em Barbastefano Junior.
O promotor Roberto Estevão, do 5º Tribunal do Júri, denunciou também o estudante Vinícius Eduardo Sica Bartolotti, 20, o ``Cebola", sob a acusação de ele ter dado fuga a Neno depois do assassinato.
Neno nunca foi preso. Ele tem dupla nacionalidade (sua mãe, que é boliviana, é casada com um brasileiro) e a polícia desconfia que ele esteja na Bolívia. Com a denúncia, ele passa a ser réu no processo da morte de Valério.
Na madrugada do crime, Valério e Barbastefano Junior haviam ido à New Dog comer um lanche. Em uma mesa próxima, estava um grupo de meninas e, em outra, quatro amigos -Neno, Cebola, Sérgio Fischer, 19, e D., 17.
Fischer teria atirado uma bola de papel em uma das meninas, que teria reclamado. Então, teria jogado mostarda na jovem.
Elas teriam reagido, pegando uma bisnaga de mostarda e atirado no Vectra de Cebola. Quando saíam do estacionamento da New Dog em uma Parati, as meninas foram impedidas pelos rapazes.
Eles teriam parado o Vectra na saída do estacionamento e exigido que elas lavassem o carro de Cebola. Nesse momento, Valério interveio e pediu para os garotos deixarem as meninas partir.
Neno teria ido ao Vectra e pego um revólver. O publicitário teria pedido para ele abaixar a arma dizendo: ``O que você vai fazer com essa arma? Guarda isso, rapaz". Foi alvejado no coração e Barbastefano Junior, na perna. Os rapazes fugiram no Vectra de Cebola.

Campanha
Após o crime, a viúva do publicitário, a jornalista Regina Lemos, organizou uma campanha nacional de combate às armas de fogo. Em janeiro passado, ela entregou o plano ao ministro da Justiça, Nelson Jobim, que encampou a idéia.
A campanha foi feita em outdoors, anúncios em revistas e na televisão contando histórias de pessoas mortas por ``motivos banais".

Texto Anterior: Policial frustra assalto a banco
Próximo Texto: Turismo é vírus pior do que ébola ou sabiá
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.