São Paulo, quinta-feira, 6 de julho de 1995 |
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Países negociam antecipação do regime comum
CLÓVIS ROSSI
Se se fechar a negociação, 1996 será o ano de transição para que, em 1997, entre em vigor definitivamente uma política comum para o setor nos quatro países do Mercosul (que inclui, além dos dois, também Paraguai e Uruguai). Pelos acordos do Mercosul, o regime comum só deveria vigorar a partir de 1999. A antecipação se deve exatamente ao conflito entre Brasil e Argentina provocado pela MP (Medida Provisória) emitida no mês passado pelo governo brasileiro e que irritou profundamente os argentinos. Motivo: os argentinos queixam-se de que o Brasil violou o Tratado de Ouro Preto, que estabelece as regras básicas do Mercosul, ao tentar impôr cotas para a importação de carros argentinos. A questão das cotas está para ser superada, conforme a Folha antecipou ontem, mas o tema de fundo permanece de pé. A queixa dos argentinos é a de que o Brasil abriu uma verdadeira ``guerra fiscal" para atrair montadoras de veículos com os incentivos previstos na MP. O Brasil alega, por sua vez, que se limitou a adotar mecanismos de estímulos parecidos aos que a Argentina já tem há tempos. Declarações oficiais à parte, o fato é que o governo brasileiro temia que os investimentos no setor se dirigissem em massa à Argentina, em face dos estímulos oferecidos, fugindo do Brasil. Os argentinos temem agora que, equilibrando-se os incentivos oferecidos pelos dois países, as fábricas prefiram o Brasil, cujo mercado é maior. Por enquanto, os temores são infundados. A Toyota já anunciou que manterá a construção, na Argentina, de uma fábrica de picapes, com investimento de US$ 150 milhões, e a Ford tocará investimentos anunciados de US$ 1 bilhão. Já a Fiat inicia, em julho, a construção de nova fábrica que deverá custar US$ 600 milhões e produzirá 150 mil veículos/ano. Na prática, a adoção pelos dois países de um regime comum para a indústria automotriz levará a uma competição limitada aos produtores japoneses e coreanos, que não estão instalados firmemente nem em um nem em outro país. Por ora, a Argentina monopoliza as francesas Peugeot e Renault, o Brasil a alemã Volkswagen e, em parte, as norte-americanas Ford e General Motors. Os dois compartilham a italiana Fiat, com maior presença no Brasil. Faltam a ambos japonesas e coreanas, que tenderão a decidir em função das novas regras. Texto Anterior: Para ministério, restrição permanece Próximo Texto: Malan condiciona resultados às reformas fiscal e do Estado Índice |
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