São Paulo, quinta-feira, 6 de julho de 1995
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Unabomber ameaça matar mais um

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

O terrorista norte-americano conhecido como Unabomber ameaçou matar mais uma pessoa se apenas a revista masculina "Penthouse" publicar seu manifesto.
Na semana passada, ele havia enviado cartas aos jornais "The New York Times" e ``The Washington Post", os principais dos EUA, dizendo que pararia de enviar cartas-bomba se "O Futuro da Sociedade Industrial", de 62 páginas, fosse publicado.
O terrorista, que envia cartas-bomba para órgãos públicos e pessoas ligadas ao meio universitário, começou a agir em 1978 e já matou três pessoas.
Assim que soube da existência do manifesto, o editor da "Penthouse", Robert Guccione, se ofereceu para publicá-lo. Dois dias depois, ele recebeu pacote com o manuscrito e uma carta.
Na carta, o terrorista disse que que matará mais uma pessoa porque a "Penthouse" não é uma revista "tão séria" e faz parte da indústria de diversão, que ele chama de "ópio das massas".
Além dos jornais e da revista, a única pessoa que recebeu o manifesto foi um professor de psicologia da Universidade da Califórnia, Tom Tyler, 45.
Para Theodore Glasser, 46, diretor da faculdade de jornalismo da Universidade de Stanford, a proposta da "Penthouse de publicar o manuscrito é "uma piada".
``É inacreditável que alguém chegue a esse ponto só para vender mais. A revista foi totalmente antiética", disse Glasser à Folha.
Ele é contra a publicação do manuscrito. Para o professor, cabe ao FBI (polícia federal norte-americana), decidir se as exigências do terrorista devem ser atendidas.
``Essa não é uma questão jornalística, é de segurança nacional. Quem tem legitimidade para decidir o que fazer é o governo."
Os dois jornais da estão discutindo internamente se publicam ou não o material.
``Temos três meses de prazo. Estamos estudando todas as opções para não fazer nada precipitadamente", disse Donald Graham, editor do ``Washington Post".
Para Glasser, falta "coragem e bom-senso" aos dois jornais. "Não é certo ceder à pressão de um terrorista, mas assumir a responsabilidade sobre eventuais mortes coloca a imprensa contra a parede. Por isso, a decisão é do governo".

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