São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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DEPOIMENTO

REGINA LIMA

``Fiz o ginásio e o colegial em escola feminina, o Santa Maria. A experiência mais marcante que tive foi com esporte, que me fez desenvolver a capacidade de liderança. A área é sempre dominada pelos garotos, mas, em uma escola feminina, você pode fazer tudo sem ter a pressão do outro sexo observando. No ginásio, era a melhor jogadora de vôlei da escola e, por isso, muito popular. Assim, superei a timidez na parte profissional. Para mim, era normal não ter garotos. Havia só encontros de esportes e festas com o Santa Cruz, que era masculino. A cabeça da gente era diferente. Existia uma altura mínima de saia para ir à escola. Só comecei a pensar em namorar depois dos 15 anos. No colegial, os namorados iam buscar as garotas na escola. Quando eles ficavam se beijando no carro, as alunas recebiam advertência, suspensão. Hoje em dia acho que seria mais problemático, um foco de homossexualismo, por exemplo. Acho que não faz mais sentido colocar uma filha numa escola separada. As crianças começam a entender de tudo mais cedo. O grande choque para mim começou no cursinho. Saí de uma classe de mulheres e entrei numa de animais. Eu me sentia dentro de um zoológico. Quando entrei na FGV, minha classe tinha dois terços de homens. A gente acostuma a conviver com o sentimento de que, se for disputar uma vaga com um rapaz, terá que ser melhor que ele. Dentro do banco, as mulheres que entraram com boa formação tiveram oportunidades grandes. O fato é que ainda existe um número pequeno de mulheres entrando."

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