São Paulo, quarta-feira, de dezembro de |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Juros, caminho tortuoso
DEMIAN FIOCCA As taxas de juros não estão mantendo uma correspondência mais próxima com o comportamento de tal ou qual índice de preços, ainda que estejam sempre muito acima da inflação.Em março, os juros subiram para 4,25% ao mês para conter a fuga de capitais. De junho a agosto a tendência é de queda lenta, de 4,04% para 3,95%, segundo projeções do mercado. Como julho terá uma inflação mais alta em função do aumento de tarifas públicas, a remuneração real cai agora. Para agosto, porém, a inflação tende a cair mais do que os juros nominais, de modo que as taxas financeiras reais voltam a subir. Além do enorme custo para os cofres públicos, os juros elevadíssimos são problemáticos pois o caminho até a redução do consumo é tortuoso. E a médio prazo pode não resultar na queda consistente da inflação. De imediato, as altas taxas pressionam as empresas a vender os estoques e inibem a compra de alguns bens duráveis tidos como ``investimento" -carros, por exemplo. A necessidade de vender mais rapidamente faz com que os preços sejam empurrados para baixo. Mais adiante, porém, o efeito é outro. Os juros inibem o aumento da produção e as decisões de investir. E sem uma ampliação da capacidade de produção, o país permanece preso a uma oferta reduzida de bens. Isso faz com que qualquer futuro aumento do poder de compra volte a trazer o fantasma da inflação: poucos produtos para muitos compradores fazem subir os preços. Texto Anterior: Para o Chile, Mercosul é ``retrocesso" Próximo Texto: Retrocesso na desindexação Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |