São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995 |
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Pior fase da crise passou, diz presidente do México
FLAVIO CASTELLOTTI
Zedillo refere-se ao otimismo que novamente toma conta do mercado financeiro mexicano. A Bolsa fechou a semana com um ganho de 12,5%. Seu principal índice de negociações superou a marca dos 2.400 pontos, registrada em 21 de dezembro (início da desvalorização do peso). Contudo, as reservas internacionais do país caíram 2,6% (US$ 273 milhões) esta semana, devido ao vencimento de títulos públicos. ``Essa euforia financeira é um fenômeno temporário", adverte o economista Luis Felipe Barron, do Centro de Investigação e Desenvolvimento. Para Barron, a alta da Bolsa está intimamente ligada à redução das taxas de juros nos Estados Unidos e à criação de um imposto financeiro de 30% no Chile, que transferiu capitais da Bolsa de Santiago para as Bolsas do México e de São Paulo. ``Além disso, a alta da Bolsa de Nova York puxou o preço das ações de grandes empresas mexicanas, negociadas em Wall Street", explicou. Contudo, a alta não se deve a uma retomada de crescimento por parte do setor produtivo mexicano. ``Por outro lado, o simples fato de haver entrada de capitais é um sinal de que o investidor estrangeiro está retomando a confiança no país", disse Barron. Caso contrário, o dinheiro poderia ter ido parar em qualquer outro lugar, completou. Como principais causas da retomada de confiança, Barron aponta a certeza transmitida pelo governo norte-americano no sentido de tirar o México da crise ``custe o que custar" e a percepção da comunidade internacional de que a pior fase da crise já passou. O presidente Zedillo afirmou que, de fato, o programa de ajuste mexicano está ingressando em sua segunda fase. O governo está transferindo suas preocupações do setor financeiro, que aparentemente já está equilibrado, para o setor real da economia. ``A partir de agora, vamos priorizar o combate ao desemprego", disse Zedillo. No México, a taxa de desemprego de maio (6,3%) foi a mais alta dos últimos sete anos. Investimentos O setor mineiro mexicano vai investir US$ 5 bilhões até o ano 2000, informou Eduardo Luna, presidente da Câmara Mineira do México. O país é quinto maior produtor de ouro do mundo. Cerca de 70% da produção do setor é exportada e graças à desvalorização do peso frente ao dólar -que torna os minerais mexicanos mais competitivos no mercado internacional- o setor cresceu 8,1% entre janeiro e maio de 95. ``Somos um dos poucos setores produtivos que está driblando a crise, pois a desvalorização nos favorece", disse Luna. Ele estima que o setor vai crescer 25% esse ano, caso permaneçam as condições favoráveis à exportação. ``Isso corresponde à geração de 40 mil empregos diretos", disse. Além disso, o setor está sendo impulsionado por uma alta dos preços de metais, como ouro e prata, no mercado internacional. Nos primeiros quatro meses, o México extraiu 5,6 toneladas de ouro, a maior produção dos últimos 15 anos para o período. O investimento foi anunciado em conjunto com a decisão do governo de liberar 21 mil hectares de reservas minerais para a exploração. Essa medida aumenta em 15% a área de exploração concedida ao setor privado no país. Luna prevê um saldo positivo de US$ 5 bilhões para a balança comercial do setor até o ano 2000. A reinjeção desses recursos seria a principal origem do investimento planejado. Texto Anterior: Resultados fiscais no 1º semestre Próximo Texto: Juro pode ter nova redução nos EUA Índice |
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