São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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Saiba enfrentar o desequilíbrio salário-despesa

A livre negociação dos salários e a manutenção de reajustes anuais para outros tipos de contratos tendem a desequilibrar ainda mais os orçamentos domésticos, mas é possível prever os pontos críticos.
O quadro acima simula a situação de um assalariado com data-base em dezembro, quando terá, obrigatoriamente, 13,26% de resíduo do IPC-r até junho de 95.
Três itens com forte peso no orçamento -mensalidade escolar, plano de saúde e aluguel- teriam novos reajustes em março, maio e julho de 96, respectivamente. Foi estimada correção anual de 20%.
As demais despesas aumentariam 1,53% ao mês, taxa média de uma inflação de 20% ao ano.
Daqui até novembro, o comprometimento da renda com as despesas se elevam gradualmente, passando de 90% a 94,30%.
Em dezembro, mês da data-base, o salário receberia apenas 13,26%, ficando hipoteticamente sem 7,88% da inflação entre julho e novembro. Mas como aluguel, plano de saúde e mensalidade escolar ainda estariam com o mesmo valor, o comprometimento da renda baixaria para 83,26%.
As despesas voltariam a aumentar mais em março, maio e julho, quando aqueles três contratos teriam seus reajustes anuais. Em julho de 96, a seis meses da data-base seguinte, o comprometimento da renda estaria em 96,08%.
Um fator que pode amenizar o aperto salarial daqui para a frente é o reajuste trimestral e depois semestral da tabela do Imposto de Renda. Sempre que a tabela é reajustada, salários com o mesmo valor passam a pagar menos IR.
Na data-base, o reajuste pode não ficar apenas no resíduo do IPC-r, o que vai depender da força de barganha do sindicato da categoria e do tamanho da inflação posterior a junho de 95.
O que pode pressionar o orçamento acima do previsto nos próximos meses são as tarifas públicas, como energia elétrica e combustíveis. Chegará uma hora em que o governo não poderá mais segurar estas tarifas, congeladas desde julho de 94.

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