São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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anjos contra a caretice

SÉRGIO DÁVILA

Às 20h30 desta sexta-feira, 14, o diretor teatral Iacov Hillel, 46, vai lembrar que foi do inferno ao céu em pouco mais de um ano.
Tudo começou em abril de 1994, quando ele comprou os direitos da controvertida "Angels in America", do norte-americano Tony Kushner.
Aids, política, sexo e racismo, vistos por cinco personagens, entre eles um casal gay, são os temas dessa peça, que já é considerada um marco na dramaturgia dos anos 90.
Então, Hillel começou uma romaria atrás de patrocínio. "Os mecenas têm medo da Aids", afirma. "Diretores de marketing diziam `não tem outra coisa?' ou `tema polêmico a gente não faz', uma caretice total."
Mais de 100 espetáculos nas costas, o diretor israelense naturalizado brasileiro pensou em vender seu apartamento de US$ 200 mil. "Não foi preciso."
Com metade disso, conseguida junto empresários mais "arejados", Hillel viabilizou o espetáculo. Faltava o lugar. "Enquanto o Rio abre novos teatros, São Paulo fecha", reclama.
Agora, às 20h30 desta sexta, com o teatro João Caetano cedido pela Prefeitura paulistana até outubro, Hillel estréia a primeira parte de "Angels", "O Milênio se Aproxima", em três atos.
"E já penso em montar a sequência, `Perestroika'".
A luta continua.
S.D.

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