São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
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Acordo Globo-Murdoch depende de FHC

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O governo deve anunciar até o fim deste mês a regulamentação para exploração do Direct Home TV -transmissão direta de TV por assinatura via satélite, que pode ser captada por miniantenas parabólicas (de cerca de 60 cm).
Por isso ainda depende de autorização do governo o acordo anunciado anteontem entre as Organizações Globo e a News Corporation, do empresário Rupert Murdoch, para exploração de TV por assinatura via satélite no Brasil.
Segundo o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fernando Xavier, só estão liberados, até o momento, os serviços de TV por assinatura que utilizam satélites nacionais (os Brasilsat).
``Não conhecemos os detalhes do acordo, mas se ele for semelhante ao já anunciado pelo grupo Abril, terá que aguardar a definição da nova política de satélites, que deverá ser anunciada até o final do mês", afirmou Xavier.
As Organizações Globo e o empresário Rupert Murdoch formalizaram em Nova York uma aliança para exploração, em toda a América Latina, do Direct Home TV, que ainda não existe no Brasil.
O Direct Home TV exige canais de satélites de alta frequência (a chamada banda ku), que não existem nos satélites da Embratel.
A estatal reservou 12 desses canais em um satélite da Intelsat que será lançado ainda neste ano. Enquanto não for aprovada a política sobre o uso de satélites estrangeiros, só poderão ser usados os canais oferecidos pela Embratel.
Segundo informações dadas pela Globo, a associação com Murdoch tem por objetivo enfrentar a concorrência do grupo Abril, que no início do ano anunciou sua associação com a Hughes Communications, para lançar o mesmo serviço em toda a América Latina.
O diretor-superintendente da TV Abril, Walter Longo, disse ontem que já esperava a associação entre a Globo e a News Corporation: ``A Globo não iria ficar de fora desse mercado e tem uma filosofia de atuação semelhante à de Murdoch", disse Longo.
As negociações entre as Organizações Globo e a News Corporation levaram dois anos até resultar no acordo divulgado anteontem.
Segundo Roberto Irineu Marinho, vice-presidente da Rede Globo, o novo serviço de TV por assinatura não vai concorrer com a TV a cabo, a qual, segundo ele, continua sendo a mais indicada para os grandes centros urbanos.
Roberto Irineu disse que a Globo associou-se com Murdoch porque o futuro das empresas de comunicação está na globalização. As empresas, segundo ele, terão que se associar ou fazer acordos comerciais para se expandir.
``Nosso futuro é crescer ou morrer", disse ele. Segundo Roberto Irineu, a associação com Murdoch não foi feita apenas para concorrer com o grupo Abril.
O empresário disse que os dois grupos constituirão uma empresa para explorar o serviço no Brasil, da qual a Globopar será acionista controladora, com 60% das ações.
Será formada uma outra empresa apenas para as operações nos demais países da América Latina, cujo controle ficará com Murdoch.
O projeto prevê investimentos de US$ 300 a US$ 500 milhões em cinco anos. Roberto Irineu disse que a Globo apóia a decisão do governo de definir uma política para atuação de satélites estrangeiros: ``Nós temos de proteger nosso mercado contra o risco de uma invasão de satélites estrangeiros."

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